domingo, 26 de março de 2017

Sísifo e os antibióticos


Sísifo, que vos apresentarei mais adiante, e os antibióticos têm um percurso um tudo ou nada semelhante. Ambos percorrem um caminho e dentro de pouco tempo têm de voltar ao início. Mas comecemos então por apresentar os nossos personagens, quem são, o que fazem, e porquê o seu percurso se assemelha.

De acordo com a mitologia grega, Sísifo era o mais astuto de todos os mortais, quiçá um dos primeiros gregos a dominar a escrita, que desafiou vezes sem conta os deuses. Assim, e no sentido de mostrar que os mortais não podem gozar das liberdades dos deuses, Sísifo foi condenado a repetir vezes sem conta a mesma tarefa que constava em empurrar uma pedra de mármore por uma encosta acima, no entanto, pouco antes de chegar ao topo a pedra rola encosta abaixo, tendo Sísifo de começar tudo de novo.


Tal como o nome indica antibiótico é algo contra a vida, neste caso a vida de microorganismos. Assim, podemos subdividi-los em: antiparasitários, antibióticos dirigidos a parasitas; os antifúngicos, antibióticos dirigidos a fungos e os antibacterianos, antibióticos dirigidos a bactérias. Sendo que a maioria das infeções é causada por bactérias, muitas das vezes o termo antibiótico é mais usado que antibacteriano quando nos queremos referir a este último. Os antibióticos são compostos derivados de plantas, animais, fungos ou mesmo sintéticos, que, em pequenas quantidades, são capazes de matar ou inibir o crescimento dos microorganismos. Os antibióticos podem ser classificados de acordo com a sua estrutura química, mecanismo de acção, origem biológica, e ainda o seu local de acção.

Mas então qual a semelhança entre os percursos dos nossos personagens? 

As bactérias são microorganismos fantásticos! Esta frase pode depender um pouco do ponto de vista. No entanto, do ponto de vista de alguém que as estuda, é díficil não concordar. Vejamos, as bactérias estavam presentes no planeta muito antes do Homem, e têm mais probabilidades de se adaptar a eventuais mudanças que o Homem, consequentemente mais probabilidades de cá permanecer na eventualidade da Humanidade ser extinta. 

São seres unicelulares e ainda assim perduram há milhares de milhões adaptando-se com extraordinária facilidade às mudanças ocorridas no seu ambiente. Se por um lado as bactérias podem ter um papel benéfico, muitas há que representam uma ameaça para o Homem travando com ele uma batalha constante, e nos dias que correm, estão melhor posicionadas para ganhar a guerra! 

Não obstante o Homem descobrir antibióticos para combater as bactérias, estes terão sempre o mesmo destino de Sísifo: voltar à estaca zero! Será apenas uma questão de tempo até às bactérias se adaptarem e conseguirem arranjar maneira de resistir ao efeito do antibiótico.

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