sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Dia de Fibonacci



O dia 23 de Novembro é celebrado como o dia de Fibonacci porque quando a data é escrita neste formato (11/23), os dígitos da mesma formam uma sequência de Fibonacci: 1,1,2,3. 

Uma sequência de Fibonacci é uma série de números em que um número é o resultado da soma dos dois números anteriores. Por exemplo: 1, 1, 2, 3 ... é uma sequência de Fibonacci onde, 2 é igual à soma dos dois números anteriores (1 + 1) e 3 é igual à soma dos dois números anteriores (1 + 2).

A sequência de Fibonacci responde ao desafio de Leonardo de Pisa sobre o desenvolvimento de uma população de coelhos, colocado no livro “Liber Abaci” (Livro de Cálculos). O
 desafio é o seguinte: se há um casal de recém-nascidos – macho e fêmea – eles são capazes de se reproduzir e gerar outro par de coelhos no segundo mês de vida. Qual a quantidade de pares de coelhos que vão existir depois de um ano? 

A modelação da natureza sempre apaixonou muitos cientistas. A sequência de Fibonacci surge em muitos fenómenos – pétalas em flores, o ordenamento das folhas nas plantas, a concha do Nautilus, a molécula de ADN, as ondas e até os furacões mostram padrões que correspondem à sequência. 


Existe alguma relação entre a sequência de Fibonacci e a razão de ouro?


A proporção áurea ou razão de ouro é uma constante real algébrica irracional, resultado da divisão de um segmento de recta em dois segmentos (a e b), sendo que quando a soma desses segmentos é dividida pela parte mais longa o resultado obtido é de aproximadamente 1.61803398875 a este valor é chamado número de ouro. 



A relação entre a razão de ouro e a sequência de Fibonacci, vem do facto que numa sequência infinita de Fibonnaci a divisão dos seus termos aproxima-se do número 1,6180 – o número de ouro. 


A Natureza nunca pára de nos surpreender…

domingo, 21 de outubro de 2018

Quando os primos são a nossa segurança...


Um grande desafio! 
Quais os números naturais que se podem escrever como produto de dois factores apenas de uma maneira (a menos da ordem dos factores)? 
A expressão "a menos da ordem dos factores" significa que a ordem dos factores não interessa. Por exemplo, 6×3 e 3×6 contam como uma única maneira de escrever 18 como produto de dois factores.

O número 12 temos três formas distintas: 12=1×12 ou 12=2×6 ou 12=3×4. Portanto, 12 não pertence à solução do problema proposto, mas o número 13 sim! Tem apenas uma forma: 13=1×13. Este faz parte da solução do problema. 

Os números que, à semelhança do 13, que se podem escrever como o produto de dois factores apenas de uma forma, a menos da ordem dos factores, e com factores diferentes, dizem-se números primos. Por exemplo, 1 não é primo porque a única forma de escrever 1 é como produto de dois factores iguais: 1=1×1. Note-se que, como o 1 é divisor de qualquer número, um desses divisores será necessariamente o número 1. Além disso, qualquer número é divisível por si próprio, pelo que o outro divisor de um número primo terá de ser o próprio número. Assim, podemos afirmar que um número primo admite apenas como divisores o 1 e o próprio número.

No inicio deste ano o Jornal El País destaca uma noticia com o título "Descoberto o maior número primo, com 23 milhões de dígitos" e pode ler-se que foi Jonathan Pace, um engenheiro norte-americano, que descobriu o maior número primo conhecido até a data, com mais de 23 milhões de dígitos. 

Além da definição de número de número primo, uma outra importante característica é que qualquer número inteiro pode ser decomposto como o produto de números primos. Por exemplo, 12 é decomposto em 3 x 2 x 2 todos primos.

O número agora encontrado encontrado pertence a uma família especial de números primos, os primos de Mersenne, que obedecem à forma 2^n - 1. Por exemplo, 2^2 - 1 = 3, então 3 é o primeiro primo de Mersenne. No ano de 1588, o Matemático Pietro Cataldi mostrou que 2^17 - 1 = 131.071, e ficou registado como o maior primo de Mersenne até então.

Em todos esses séculos, a humanidade só encontrou 49 primos desta família. Aquele detectado agora por Pace é o quinquagésimo. É obtido com a fórmula 2^(77.232.917) - 1 e tem 23.249.425 dígitos, quase um milhão a mais que o recorde anterior, obtido há dois anos.

A busca por estes números primos gigantes não é mero passatempo, muito da nossa vida depende destes números. O algoritmo criptográfico RSA(1), usado para garantir a segurança da troca de informações na Internet baseia-se nessa decomposição de números inteiros em números primos. Quanto maiores forem estes números mais difícil será descodificar este código. As transacções comerciais efectuada pela Internet e a privacidade das comunicações dependem em parte dos números primos.

Jonathan Pace trabalha para a empresa FedEx e é um dos milhares de voluntários do GIMPS - Great Internet Mersenne Prime Search (https://www.mersenne.org/), um projeto colaborativo para procurar números primos de Mersenne pela Internet, por meio de um programa gratuito desenvolvido pelos cientistas da computação George Woltman, Scott Kurowski e Aaron Blosser. Pace manteve o seu computador pessoal com um processador Intel i5-6600 a trabalhar durante seis dias sem parar para provar que 277.232.917 - 1 é um número primo. Receberá uma recompensa de 3.000 dólares. A Electronic Frontier Foundation (https://www.eff.org/) oferece 150.000 dólares para a primeira pessoa que encontrar um número primo com 100 milhões de dígitos.

Aqui está um excelente desafio. 

(1) RSA is one of the first public-key cryptosystems and is widely used for secure data transmission. In such a cryptosystem, the encryption key is public and it is different from the decryption key which is kept secret.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Começaram hoje as CNC2018


As questões do insucesso escolar, em particular nas disciplinas de Ciências Naturais e Matemática, estão na ordem do dia, conhecer as suas causas e encontrar formas de as combater é uma prioridade para todos os professores e investigadores em todos os graus de ensino.
De hoje até dia 6 de Setembro milhares de alunos competem nas CNC2018

Jogar para aprender

Nas Competições Nacionais de Ciência (CNC), exploram-se as áreas de STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) de forma lúdica, o que torna as disciplinas mais atraentes, permitindo formar alunos participativos, críticos e confiantes no modo como lidam com estas matérias.

A exigência, e a preocupação com a inclusão de todos os alunos, a criação de uma mentalidade que valorize o esforço e respeite os ritmos de aprendizagem dos alunos são os objectivos que estão por detrás desta competição, permitindo uma aprendizagem mais atractiva e interactiva das matérias leccionadas.

A história das CNC confunde-se com a história do Ministério da Ciência, Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional, que desde 2003, dinamiza esta forma de aprender. São muitos anos e durante todos estes anos, apenas com ligeiros interregnos, as EquaMat estiveram no ar!

Também se pretende difundir o uso da Internet como ferramenta de aprendizagem e a utilização dos meios de comunicação disponíveis, já que agora todos devem usar o e-mail para aceder à plataforma edumoz.net, que é uma plataforma informática que suporta as Competições Nacionais de Ciência em Moçambique.

Esta é uma iniciativa da Osuwela, com o apoio do Programa Cientista Moçambicano do Amanhã do Ministério da Ciência, Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional e do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, financiada pelo Banco Mundial.

Ver tudo neste sítio 
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A EquaMat@moz nasceu em 2003, em Moçambique, por iniciativa do Projecto Matemática Ensino da Universidade de Aveiro e é uma competição nacional de Matemática que utiliza as ferramentas informáticas existentes e adapta os conteúdos ao programa escolar moçambicano.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Bienal STEM+L Abertura


Esta bienal que agora se inicia representa um acto de coragem perante o quanto é difícil trabalhar em Ciência. Este evento, não tem pastas, canetas, flash drives, não estamos num hotel bonito, nem num lugar paradisíaco de Moçambique, estamos numa sala de aula igual a tantas outras pelo mundo fora ... mas temos professores das províncias de Moçambique que vieram assistir, pagos pela organização, ninguém paga inscrição para aqui falar ou assistir. Não temos tradução simultânea por que nos entendemos nas nossas línguas que descendem da língua portuguesa.

Esta é a nossa forma de estar na educação e na ciência.

Se a ciência é um dos maiores empreendimentos da humanidade, então que seja acessível a todos! Queremos que esta bienal se torne uma plataforma de dialogo permanente e que dela brotem projectos extraordinários, inspiradores e sustentáveis.

Estamos aqui discutir vários projectos de STEM e do Ensino da Língua enquanto lá fora decorrem  competições de robótica e a feira de ciências. Quisemos que assim fosse!

Um evento conjunto, partilhado (organizado pela Osuwela, o MCTESTP e a UP, patrocinado pelo Porto de Maputo, pela UPI e STEM4all) e que nos permite observar uma dinâmica transformadora das nossas visões sobre a educação, a ciência e a tecnologia.

Queremo-nos entender melhor, tomar melhores decisões, perceber como são resolvidos os desafios noutras paragens. Como diz Marylin von Savant 'para se aprender tem que estudar, para ser sábio tem que se observar'

A ciência, que faz parte da cultura, não é tratada da mesma forma. Parece um parente mais pobre. Aceitamos sem discussão que se criem centros culturais, mas discutimos horas a fio a utilidade de um centro de ciência. Os professores das escolas que trabalham em Ciência, fora do seu horário lectivo, nada recebem por isso, contrariamente aos que trabalham em desporto e noutras actividades culturais.

Não se iludam, os problemas de hoje na educação não são só a falta de gosto pela matemática ou pelas ciências naturais, que resultam tanto da falta do ensino experimental das ciências e de trabalho de campo, como da falta de gosto na leitura de um livro de aventuras ou de um livro de poesia.

Tudo isto nos faz pensar no modelo que pretendemos para a educação e para a ciência em Moçambique. Mas 'pensar é como andar à chuva... incomoda!", quem o disse foi Fernando Pessoa.
Queremos alunos que pensem, que aprendam a aprender e que saibam resolver problemas. Ajudem-nos a construir um novo modelo, o nosso modelo, para a nossa educação e ciência.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

IV Bienal STEM+L


21, 22 e 23 de Agosto de 2018
Anfiteatro da Faculdade de Ciências Naturais e Matemática
Universidade Pedagógica
A Bienal STEM+L – aprendizagem da Ciência, Tecnologias, Engenharia e Matemática, na Língua em que nos une, pretende ser um espaço de encontro de educadores, cientistas, decisores políticos e da comunidade em geral, atentos à importância da Educação, em particular da Ciência, Engenharia, Tecnologia e Matemática, sem descurar as questões essenciais da Língua, para o Desenvolvimento.
As temáticas escolhidas para esta iniciativa são de inquestionável centralidade, desde logo por constituírem áreas basilares do conhecimento e do desenvolvimento intelectual e social; e de uma grande actualidade, pelo facto de se terem tornado alvo da opinião pública e dos media, num momento em que se questionam as aprendizagens dos estudantes e a qualidade e a exigência do ensino que lhes é oferecido.
É por isso da maior acutilância académica e relevo social a sua realização com o objectivo de discutir plataformas que sustentem novos ambientes de aprendizagem e suas aplicações, que permitam explorar, de forma inovadora e partilhada em rede, o potencial pedagógico e didáctico da tecnologia, com vista a melhorar o processo de ensino-aprendizagem nos diferentes países.
Objectivo Geral
A Bienal tem por objectivo global contribuir para o desenvolvimento de competências dos docentes no ensino e na aprendizagem de STEM – Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática e na Língua , reforçando a coesão, a cooperação e o intercâmbio de experiências dos docentes oriundos dos vários países e diferentes realidades.
O recurso às novas tecnologias de comunicação, o acesso a novas formas de informação e colaboração à distância são uma oportunidade que, cada vez mais, se coloca aos agentes de ensino, independentemente do espaço geográfico em que se encontram, sendo necessário avaliar e definir estratégias que deem resposta a esta nova realidade por forma a aproveitarmos, todos, as virtualidades destas tecnologias.
Este evento pretende também envolver os agentes de ensino nesta realidade, desenvolvendo-lhes competências que propiciem o acesso e o uso das novas ferramentas de comunicação e informação.
Deste modo, a Bienal STEM+L, constitui-se como um veículo de partilha de experiências e com vista à melhoria da qualidade do sistema de ensino e de aprendizagem, construindo pontes entre profissionais e instituições dos diversos países presentes.
Aspectos fundamentais
  • Discussão com vista a uma melhoria do ensino das áreas de STEM, sem descurar a Língua de Comunicação.
  • Desenvolvimento de estratégias que reforcem os aspectos técnicos e pedagógicos do ensino/aprendizagem, a inovação, as redes de aprendizagem e as comunidades virtuais.
  • Aquisição de uma visão global do estado da arte, bem como promoção da discussão em torno do potencial pedagógico e didáctico da tecnologia para uma melhor aprendizagem das Ciências e da Língua.
  • Promoção e divulgação do conhecimento científico e estreitamento de laços entre profissionais e instituições dos vários países participantes.
E como a Ciência é para todos e todos devem ter oportunidade de participar a entrada é livre.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Eu, robô!


O termo robótica refere-se ao estudo e à utilização de robôs. O termo foi introduzido pelo cientista Isaac Asimov. Este escreveu sobre um conjunto de ciências e ficou célebre pelos seus trabalhos de ficção científica, sendo "I, Robot", em 1950, e "The Foundation Trilogy", em 1951-52, alguns dos seus melhores trabalhos. 


A palavra robótica foi usada pela primeira vez no "Runaround", uma pequena história publicada em 1942, onde é afirmado como provável que um dia os robôs venham a ter inteligência.

A robótica tem como objectivo a automatização de tarefas rotineiras (ou não) que podem ser descritas por um algoritmo num programa de computador.

De uma forma simples, um robô é uma máquina capaz de tomar acções independentes e realizar tarefas de forma autónoma. Sendo por isso vulgar chamar-se autómato a todo o tipo de robô, tentando generalizar um nome que teve a sua origem em bonecos mecânicos altamente sofisticados produzidos no século XVII.

O rápido desenvolvimento da electrónica, da informática e da programação levou-nos às fronteiras da inteligência artificial, que permite que um computador adquira conhecimentos através da sua própria experiência, contudo um robô (ainda) não pode "pensar" como nós.
Os robôs chegam à educação como uma forma de aprendizagem transdisciplinar. São várias as disciplinas que se associam para dar corpo e movimento a um robô, estando agora reunidas no acrónimo CTEM (STEM em inglês) - Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática.

Além de todas as disciplinas a Criatividade e a Imaginação completam todas as ferramentas já referidas.

Vejam o vídeo seguinte onde os actores são alunos e professores dos muitos que hoje trabalham em robótica nas escolas de todo o país.


quinta-feira, 7 de junho de 2018

ADA Lovelace



A história da ciência está recheada de mulheres de uma dedicação extrema ao desenvolvimento da ciência. Uma dessas mulheres é Ada Augusta King, Condessa de Lovelace, nascida em 1815 no Reino Unido.
Fica para a história como a primeira programadora do Mundo, na verdade Ada Lovelace é conhecida por ter escrito o primeiro algoritmo. Este algoritmo foi processado pela máquina analítica de Charles Babbage (Matemático, inventor, aquilo que chamaria hoje um criativo).

Ada Lovelace desenvolveu vários algoritmos para que a máquina analítica pudesse calcular os valores de funções matemáticas. Mas ela foi visionária e espreitou o futuro sobre a capacidade dos computadores de irem para além do mero cálculo e como estes se podiam relacionar com a sociedade.

Ada Lovelace morreu aos 36 anos. Os estudos de Babbage e Lovelace ficaram esquecidos durantes anos e quando foram novamente publicados inspiraram o trabalho de Alan Turing sobre os primeiros computadores modernos na década de 1940.

Na procura de uma linguagem de alto nível e de substituir um conjunto de centenas de linguagens existentes surgiu o Ada. Esta é uma Linguagem de programação estruturada, orientada a objetos que provém essencialmente do Pascal, Simula e outras linguagens.
A equipa de desenvolvimento do ADA foi liderada por Jean Ichbiah, contratado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, durante a década de 70, com o intuito de ser usada em missões específicas, como por exemplo em programas usados na aviação.

Hoje em Moçambique foi lançado um projecto através da EducaTV para motivar as mulheres moçambicanas a enveredarem por cursos de CTEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).  Esperemos que exemplos de mulheres como a Ada Lovelace possam inspirar as meninas em Moçambique.


terça-feira, 22 de maio de 2018

De onde vêm os Profissionais da Ciência do futuro?


Os profissionais das Ciências, Tecnologia, Ciências Naturais e Matemática (CTEM), e vamos aqui falar apenas das Ciências Naturais, não nascem de geração espontânea, são fruto de um trabalho de muita gente que trabalha diariamente para que uma nova geração de profissionais destas áreas se desenvolva nas nossas Escolas. 

Da leitura do relatório anual da OCDE (Education at a Glance 2017), retiramos o seguinte gráfico:






Uma análise rápida percebe-se que não existem Países Africanos neste gráfico pode ser porque se tratam apenas de Países da OCED e parceiros desta organização. O gráfico merece uma leitura cuidada e para que se entenda melhor estamos a falar das TIC, Ciências Naturais, Matemática e Estatística e por fim a Engenharia e a Construção, e a percentagem que ocupam nos diferentes países.

A questão que importa discutir é o esforço que estes países estão a fazer de uma forma concertada para atingirem estes valores. Certamente que operaram profundas alterações curriculares e um olhar diferente sobre a CTEM. Mas foi sobretudo o envolvimento de toda a sociedade e a mudança de mentalidade.  As empresas sabem que se quiserem sobreviver no futuro têm que investir no capital humano e que os seus funcionários têm de ser preparados e formados para trabalhar em ambientes novos e muitos deles ainda por descobrir. 

A aliança estabelecida entre as Universidades e as Empresas está hoje a dar os seus frutos. Um caminho que não foi fácil de percorrer.

Em Moçambique, um País em que o sistema de "educação para todos" tem pouco mais de 40 anos, a Educação é hoje obrigada a dar passos de gigante para tentar acompanhar ritmos de crescimento populacionais incrivelmente grandes. 

Os desafios são muitos e muito exigentes. Mas na Educação não há prioridades – tudo é necessário, tudo é urgente, para não hipotecar o futuro de milhões de jovens que têm que encontrar trabalho e trabalhar como em qualquer parte do Mundo.

A CTEM, é essencial para que o desenvolvimento ocorra, precisa de mais programas que levem a Ciência até junto das pessoas – escolas, empresas e universidades. É preciso entender que todos têm que trabalhar juntos para mudar mentalidades. A par do investimento em equipamentos é necessário um investimento ainda maior no capital humano para que a Educação possa transformar as pessoas.

Os profissionais da CTEM também virão de Moçambique. Não tenho dúvida disso.
Juntos pela Educação. 


OECD (2017), Education at a Glance 2017 : OECD Indicators (Summary in Portuguese), OECD Publishing, Paris, http://dx.doi.org/10.1787/8d2d11b2-pt.


segunda-feira, 7 de maio de 2018

Conhecimento, Desenvolvimento e Inovação

Falar de Conhecimento, Desenvolvimento e Inovação é conversar sobre o futuro. As nossas Escolas, todas elas, seja qual for o grau de ensino, estão transformadas em grandes fontes de informação. Temos muitas dificuldades em fazer ensino experimental ou de campo, onde os alunos são levados a descobrir e tirar as suas conclusões em face da realidade, isto é, a produzirem Conhecimento. Mas nem tudo acontece na Escola e temos hoje ao nosso alcance fontes de informação aparentemente inesgotáveis.

O aspecto mais desafiante do Mundo em que vivemos é como transformar tanta Informação em Conhecimento? Nem toda a Informação que recebemos é importante e é preciso algum conhecimento para separar o que é verdadeiramente importante, do que é simplesmente descartável. Mas a sociedade não se faz à nossa medida e somos nós que temos de escolher!

Já a Inovação comporta vários desafios e muitas competências, das quais gostaria de destacar a Criatividade. Se fosse possível ensinar alguma coisa relevante para o futuro seria como ser Criativo!

É neste cenário de dúvida constante e consistente que vamos falar no próximo seminário do ISCTEM. - Conhecimento, Desenvolvimento e Inovação.

Estão convidados.






quarta-feira, 2 de maio de 2018

Orlando Machango


Nem sempre as notícias são agradáveis. Escrever sobre um amigo que faleceu não é uma notícia e um acto de justiça.

Orlando Machango, era um Professor de Matemática que faleceu recentemente. Tive o gosto de o entrevistar, em 2017, para o trabalho de observação "sobre as causas que impedem o sucesso nas ciências e em matemática no ensino secundário" (Vídeo) colaborou neste trabalho com a generosidade e a paixão que tinha pela Matemática e o seu Ensino.

Além de um excelente profissional era um entusiasta do movimento olímpico preparando os alunos moçambicanos para as suas participações internacionais nas olimpíadas de matemática. Colaborei com ele e sou testemunha da sua dedicação.

Era também o rosto da telescola, programa que é transmitido na TVM e que ajuda os alunos na resolução de exercícios e problemas, com uma coragem e uma experiência de muitos anos a ensinar, ele resolvia os exercícios e os problemas de matemática em directo.

Era um homem discreto, um homem bom e um bom amigo.

Moçambique está mais pobre! Eu estou mais pobre, perdi um amigo.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Comunicar Ciência: porquê, para quê e para quem?


O Mundo está diferente. Nunca em outro momento, o nosso planeta sustentou 7 mil milhões de pessoas. O Professor Doutor Nuno Empadinhas, do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra, descreveu este facto, no World Health Summit Regional Meeting 2018, em Coimbra, como um dos factores  que contribui para uma tempestade perfeita.  





Esta tempestade tem vários pontos de vista. Hoje, vou apenas focar a tempestade do ponto de vista da Saúde e dos problemas associados. Não obstante os esforços feitos para combater doenças tais como a Malária, Tuberculose e o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), a verdade é que o número de pessoas afectadas nos países africanos não pára de aumentar. Este facto leva-nos a pensar que algo na estratégia adoptada até agora está a ser insuficiente. 


Em Moçambique, a Malária, as doenças respiratórias, o VIH/SIDA, e a diarreia, são exemplos das doenças que atingem fortemente a população. Pegando no caso específico do VIH, 29 milhões de pessoas estão infectadas. A prevalência nacional de VIH está estimada em cerca de 13%. Este facto contribuiu por um lado para a redução da esperança média de vida para 55 anos, e por outro lado, contribuiu para o aparecimento de 2 milhões de órfãos, dos quais 900.000 são filhos de pais com SIDA. Apesar deste cenário pouco animador, foram feitos progressos. Em Março de 2016, Moçambique iniciou o tratamento para todos os pacientes com níveis de CD4 <500, e implantou medidas que permitem aos pacientes uma maior flexibilidade no tratamento, muitas vezes dificultado pelas longas distâncias que os pacientes têm de percorrer para receber o dito tratamento. Contudo, estas medidas (ainda bem que existem!!) são dirigidas a um problema já instalado. Teremos de fazer um esforço bem maior para PREVENIR estas doenças, e é aqui que a Comunicação de Ciência pode e deve ter um papel preponderante, reforçando o processo educativo dos indivíduos. 



Assim, urge a necessidade comunicar a Ciência associada à prevenção e ao tratamento destas doenças, e traduzir as descobertas feitas pelos cientistas, para que a população em geral, e não apenas nichos de população, possa ser esclarecida. É aqui, neste processo de comunicação/educação, que reside o verdadeiro desafio, uma vez que, por vezes não é fácil traduzir para uma linguagem corrente as descobertas feitas. Mas esse é o caminho, se queremos um maior impacto das medidas aplicadas em cada país! Temos de agir a montante do problema, e para isso tem de ser feito um esforço para educar a população, disponibilizando-lhe informação cientificamente correcta, mas apresentada de uma forma suficientemente simples para que até o cidadão menos letrado possa entender o que está a ser transmitido. 

Se não conseguirmos chamar a atenção, e acima de tudo manter essa atenção, da população para problemas que directamente a afecta, pouco sucesso terão as medidas tomadas no combate às doenças. Todos reconhecemos a impossibilidade de abarcar toda a população, ou todos os seus problemas. Regressemos então à base, e foquemo-nos na Educação.


Fig 2. Guerret Macnamara, na Nazaré, Portugal


Apesar de termos reunidas condições para uma tempestade perfeita, esperamos ter também reunidos um grupo de "surfistas" que nos ajudarão a ultrapassá-la!

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Química sem laboratório



Não é todos os dias que assistimos ao lançamento de um livro sobre Comunicação de Ciência em Moçambique. O livro Química Sem Laboratório da autoria de Tatiana Kuleshova e Filomena Neves Silva, editado pela Texto Editores, começa a fazer o seu caminho no difícil mercado de Moçambique.

Na verdade trata-se não de um, mas de dois livros - um para a professor e outro para o aluno. A ideia começou com a divulgação de resultados de experiências de Química usando material local realizadas no Departamento de Química na Universidade Pedagógica - Delegação  da Beira e publicadas no Jornal Diário de Moçambique. 

Neste Jornal foram publicadas experiências de química sobre a observação de fenómenos, tais como, a electrolise, extracto de plantas  como indicadores ácido-base, ...

O Diário de Moçambique, publicou entre os anos 1999-2000, estas experiências com o título - Ajuda ao Professor. Os artigos publicados despertaram grande interesse nos professores da Província Sofala. Estes começaram a reproduzir as experiências em sala de aulas da disciplina de Química explorando os materiais que tinham em casa, já que não tinham reagentes químicos ou mesmo um laboratório de Química.

Em 2003, a autora começa a trabalhar na Universidade Eduardo Mondlane no Departamento de Química e inicia um trabalho mais didáctico com as escolas da Cidade de Maputo, os professores reagiram com o mesmo entusiasmo. 

Mais tarde surge a ideia de escrever os dois livros: um livro para aluno, onde estão descritas as experiências e colocadas as perguntas e o livro do professor, onde além das  experiências surgem também as respostas.

É um livro que pode ser usado por todos! Dentro e fora da sala de aula!
Experimentem!

quinta-feira, 22 de março de 2018

Por que nos devemos preocupar com a àgua?



Um texto de Saquina Rugunate, docente e investigador do ISCTEM, 
a propósito do Dia Mundial da Água.

A água é a condição essencial de vida de todo o ser vegetal, animal e humano, e por isso, pode-se dizer que o equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e dos seus ciclos, e é obrigação de todos abraçar esta causa.

Foi nesta perspectiva, que a 22 de Março de 1992, a ONU (Organização da Nações Unidas), criou o dia mundial da água, e anualmente várias actividades são realizadas para consciencializar as pessoas, sobre a importância deste bem, assim como para a tomada de medidas para reduzir o impacto da sua escassez.

Pode-se tomar como exemplo a Cidade do Cabo na África do Sul, onde o nível dos reservatórios de água estão muito abaixo dos níveis normais, obrigando a um consumo diário de 50 L de água por pessoa, como forma de evitar medidas drásticas , tal como o “dia zero” que poderá ser nos meados de Abril... agora imaginemos o que é viver no dia a dia apenas com essa quantidade de água e o quão limitadas ficam as actividades diárias!

Se paramos para pensar, como seria catastrófico, ter a cidade de Maputo nessa situação, e o impacto que teria na saúde pública colectiva, levando em conta o precário sistema de saúde e o fraco saneamento do meio, apesar dos inúmeros esforços feitos pelo nosso governo e por algumas organizações que apoiam esta causa. De facto, o nível de água na Barragem dos Pequenos Libombos é baixo, tendo obrigado que o Fundo de Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG), tivesse que adoptar medidas drásticas alternando os dias de abastecimento de água, com redução significativa das horas de abastecimento.

Segundo o director-geral da FIPAG, o défice actual é de 110.000m3/dia para o fornecimento da água na Região do Grande Maputo, e tendo em conta que a próxima época chuvosa começa em Outubro, há realmente a necessidade de um uso racional de água para evitar cenários mais complicados que o actual.

A OMS recomenda o consumo de 40Lde água por pessoa, e pequenas mudanças no quotidiano individual devem ser consideradas (tais como reutilização de águas residuais, redução do consumo doméstico e industrial), realização de campanhas nas comunidades sobre algumas medidas práticas de como reduzir o consumo e conservar de forma adequada. 

Alguns munícipes recorre, a alternativas como o uso de fornecedores privados, abertura de furos, aumento do número de reservatórios, mas é também importante ter atenção a qualidade da água consumida, pelo risco de desencadearem doenças como a cólera, hepatite, gastroenterites, parasitóses, entre outras.

Vamos todos mudar a nossa atitude. 

Vamos imaginar como seria o nosso dia a dia sem este precioso líquido!

segunda-feira, 19 de março de 2018

Capacidade X Oportunidade





Escola Secundária da Matola

Por Soraia Amaro



Li, há pouco tempo, uma compilação de textos sobre racismo e colonialismo num website de um projecto jornalístico português. Um projecto de 2016 que só agora conheci. Comecei, por razões óbvias, pela página dedicada a Moçambique. Muita coisa interessante sobre como um passado colonial continua a condicionar as relações sociais e de poder, muitas opiniões distintas, numa abordagem mais de “dar voz” do que de analisar, mas sempre válida.

Trabalho de perto com o sector da Educação, nos seus vários graus de ensino, e talvez por isso mesmo uma passagem destas entrevistas ficou-me na cabeça.

Uma das entrevistadas dizia: 
No meu antigo local de trabalho, pedi demissão sabendo que queria agarrar outra oportunidade. E o chefe disse: ‘Sabes que é muito difícil para nós encontrar quadros moçambicanos de qualidade como tu.’ Para ele, aquilo era um elogio. Mas eu senti-me ofendida porque na cabeça dele não existem moçambicanos com capacidade.”

Uma jovem que, como a autora do texto indica, "faz parte de uma geração de moçambicanos que estudou fora e viajou", mostra-se ofendida por um empregador lhe dizer que é muito difícil encontrar quadros moçambicanos de qualidade.
É provável que os grupos onde se move sejam constituídos por jovens que tiveram acesso a oportunidades semelhantes, de formação no exterior, de experimentar outros mercados de trabalho e ver outras realidades. E talvez por isso esta entrevistada se esqueça, por momentos, que essa não é a maioria.

Vivemos num país que conta, após o arranque lectivo de 2018, cerca de sete milhões de alunos no Sistema de Ensino. Sete milhões. E a maioria destes sete milhões não tem acesso a este tipo de oportunidade que, pasmem-se, custa dinheiro.

A maioria dos jovens tem acesso a um sistema educativo muito frágil onde, em alguns distritos, até o acesso ao livro escolar é um luxo. A maioria dos jovens passa 12 anos num sistema educativo com professores mal remunerados e extremamente desmotivados, que se desdobram entre o público e o privado para conseguir ter um salário melhor. A maioria dos jovens divide a sua carteira com mais dois colegas, quando a escola tem carteiras. A maioria dos jovens assiste a aulas meramente descritivas, copia a matéria do quadro e nunca realizou uma actividade experimental.

Podemos continuar: a maioria dos jovens desaparece do sistema educativo na passagem para o Ensino Secundário. Os que persistem, tendem a aglomerar-se nas escolas das capitais de província, que podem chegar a ter sete ou oito mil alunos. Nestas mesmas escolas, as suas turmas podem ter 60 ou mais alunos, e os professores vão correr para dar toda a matéria que têm para dar, que não foi ajustada aos tempos lectivos quando estes tiveram de emagrecer para encaixar novas disciplinas. E sim, é possível que um aluno complete a 12ª classe sem saber ler e escrever correctamente.

Continuemos: a maioria dos jovens que terminar o Ensino Secundário não vai ingressar na universidade. Os que entrarem, vão ficar a patinar durante vários anos até concluírem o curso. Moçambique tem 50 universidades, entre públicas e privadas, e a média de anos para completar um curso universitário é de o dobro mais dois. Isto significa que um aluno leva até 10 anos para concluir o seu curso. A taxa de graduação é de 7% por ano, de acordo com os dados do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Tecnico Profissional. Ou seja, em cada 100 alunos que se inscrevem, 7 graduam-se a cada ano. Porquê? Quando um aluno chega ao Ensino Superior, ele já é o resultado de 12 anos de formação num sistema extremamente débil, e terá grandes dificuldades em acompanhar um curso superior complexo.

Mas continuemos: Temos, assim, universidades “cheias” de alunos que demorarão uma média de 10 anos a ingressar no mercado de trabalho. E temos outra realidade ainda: dezenas de universidades a ministrar cursos de “papel e lápis”. A formação em Ciências e Engenharias é uma minoria porque custa muito dinheiro: porque os laboratórios são caros, porque o equipamento é caro, porque as saídas de campo são caras e apenas as universidades públicas investem nisso, dentro das suas possibilidades. É perfeitamente possível que um Geólogo, por exemplo, termine o seu curso superior sem ter feito uma única saída de campo ou ter visto as rochas de que fala fora da vitrine da faculdade.

Por isso, sim, é difícil encontrar quadros moçambicanos com qualidade. E isso não tem, obviamente, a ver com a capacidade dos moçambicanos, como a entrevistada parece ter entendido, mas sim com a qualidade do ensino e das oportunidades de formação a que têm acesso.

E não sou eu quem o diz. A Ordem dos Advogados, por exemplo, aponta um défice de cerca de 2 mil profissionais. Os exames para a Ordem dos Médicos resultam num número absurdo de chumbos.
Nas empresas, o recrutamento é extremamente difícil – e também não sou eu quem o diz. Um exemplo? “A disponibilidade de mão-de-obra qualificada é exígua. Estamos longe de um equilíbrio entre oferta e procura” - Eduardo Madope, gestor de Recursos Humanos da Petromoc. “Os nossos licenciados, maioritariamente Engenheiros Químicos e Mecânicos, demostram pouca habilidade prática. Por exemplo, precisámos de três engenheiros… todos tiveram de fazer estágios em Maputo, Beira e Nacala. Destes, apenas dois ficaram, já que o terceiro não conseguiu estar à altura do que era requerido” - Lampião Bila, chefe da Divisão de Administração de Pessoal da Petromoc.

Então, é importante sairmos da nossa bolha de privilégio para compreender que um jovem que tem a oportunidade fazer formação noutros países e de experimentar outros mercados de trabalho, que tem acesso a um sistema de ensino menos débil e melhor alicerçado em professores mais bem reconhecidos e motivados, que tem acesso a escolas com bibliotecas recheadas e Wifi gratuito, que estuda em universidades com laboratórios bem equipados e docentes qualificados para os usar não pode ser a bitola pela qual se mede a qualidade dos graduados moçambicanos. Porque essa continua a ser uma minoria que ainda não chega para dar resposta às necessidades dos sectores público e privado do país. E, uma vez mais, não falamos de capacidade. Falamos de oportunidade.

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Capacity X Opportunity

I recently went through a compilation of texts on racism and colonialism on the website of a Portuguese journalistic project. A 2016 project that I just met. I started, for obvious reasons, with the page dedicated to Mozambique. A lot of interesting views on how a colonial past continues to condition social and power relations, many different opinions. The approach is more a "giving voice" one, rather than analyzing, but always valid.

I work closely with the education sector, in its various degrees, and perhaps for this reason a passage of these interviews has been buzzing on my mind.

One of the interviewees said:
"In my previous workplace, I resigned to take another opportunity. And the chief said: 'You know that it is very difficult for us to find well qualified Mozambicans like you.' For him, that was a compliment. But I was offended because in his mind there are no Mozambicans with capacity. "

A young woman who, as the author indicates, is part of a generation of Mozambicans who studied abroad and traveled, is offended by an employer who tells her that it is very difficult to find well qualified Mozambican workers.
It is likely that the groups in which she moves are made up of young people who have had access to similar opportunities, studding abroad, experiencing other labor markets and seeing other realities. And maybe that's why this interviewee might forget, at times, that this is not the majority.

We live in a country that counts, at 2018 school start, nearly seven million students in the Education System. Seven millions. And most of these seven million do not have access to this kind of opportunity, which, imagine… costs money.

The majority of young people have access to a very fragile educational system where, in some districts, even access to the school book is a luxury. Most young people spend 12 years in an education system with poorly paid and extremely unmotivated teachers, who run between the public and the private sector in order to earn a better salary. Most young people share their table with two other colleagues - when the school has tables. The majority of the young people attend classes merely descriptive, copy the explanations from the board and never performed an experimental activity.

We can continue: most young people vanish from the education system in the transition to Secondary School. Those who persist, tend to be concentrated in the biggest schools in the capital cities of provinces, which may have seven or eight thousand students. In these same schools, their classes may have 60 or more students, and the teachers will run fast to give all the information they have to give, as curricula has not been adjusted to the class hours, when they had to lose space in order to fit in new disciplines. And yes, it is possible for a student to complete 12th grade without being able to read and write correctly.

But let's continue: most young people who finish high school will not be admitted to university. Those who enter, will be there for several years until they complete the course. Mozambique has 50 universities, between public and private, and the average number of years to complete a university degree is twice plus two. This means that a student takes up to 10 years to complete their course. The graduation rate is 7% per year, according to the data from the Ministry of Science and Technology, Higher Education and TVET. That is, for every 100 students who enroll, 7 graduate each year. Why? When a student arrives at Higher Education, he is already the result of 12 years of training in an extremely weak system, and will have major difficulties with keeping up with a complex course.

But we can continue: We have, therefore, universities “full” of students that will take an average of 10 years to join the labor market. And we have yet another reality: dozens of universities teaching "paper and pencil" courses. Education in science and engineering is a minority because it costs a lot of money: because laboratories are expensive, because equipment is expensive, because field trips are expensive and only public universities invest in it, within their possibilities. It is perfectly possible for a Geologist, for example, to finish his degree without having made a single field trip or seen the rocks he learned about out of the college window.

So, yes, it is difficult to find well qualified Mozambican workers. And this has obviously nothing to do with the capacity of Mozambicans, as the interviewee seems to have understood, but rather with the quality of education and training opportunities to which they have access.

But it’s not me who says it. The Bar Association, for example, mentions a deficit of about 2,000 lawyers. Examinations for the Medical Order result in an absurd number of fails. In business, recruiting is extremely difficult - and I'm not the one who says it either. An example? "The availability of skilled labor is exiguous. We are far from a balance between supply and demand "- Eduardo Madope, manager of Human Resources at Petromoc. "Our graduates, mostly Chemical and Mechanical Engineers, show little practical skills. For example, we needed three engineers ... all had to do internships in Maputo, Beira and Nacala. Of these, only two remained, since the third one could not live up to what was required "- Lampião Bila, head of the Personnel Management Division of Petromoc.


So, it is important for us to get out of our bubble of privilege to understand that a young person who has the opportunity to train in other countries and to experience other labor markets, who has access to a stronger and better education system based on better recognized and motivated teachers, who has access to schools with well-filled libraries and free Wi-Fi, who has studied in universities with well-equipped laboratories and qualified teachers to use them, can not be the scale to measure the quality of Mozambican graduates. Because those remain a minority, that is not enough to fulfill the needs of the public and private sectors of the country. And once again, we are not talking about Mozambicans capacity. We are talking about opportunity.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Stephen Hawking


"Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança."
Stephen Hawking

O desaparecimento de Stephen Hawking é uma grande perda para a Humanidade. Ficou mais pobre a Ciência. Perdeu um dos grandes cientistas do nosso tempo e um comunicador de ciência.
Será lembrado por muitos motivos. Desde logo pela descoberta de que os buracos negros podem soltar partículas e radiação antes de desaparecerem. Ninguém acreditava, inicialmente, que partículas pudessem sair de buracos negros. "Não estava à procura delas. Apenas tropecei nelas", afirmou Hawking numa entrevista em1978 ao "The New York Times", mais tarde, o Professor de Matemática na Universidade de Cambridge, Hawking, fez parte de uma das mais importantes investigações no ramo da Física, sobre a Teoria de Tudo.  

Seria esta teoria a solução para as contradições entre a teoria geral da relatividade, de Einstein, que descreve as leis da gravidade que determinam o movimento de corpos como planetas, e a teoria da mecânica quântica, que lida com partículas subatómicas. 

Nesta missão quase divina, encontrar a Teoria de Tudo era, para a Humanidade, “conhecer a mente de Deus”.

Anos mais tarde, admitiu que aquela teoria talvez não exista.