sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Formação dos Clubes das Ciências

O Clube das Ciências, do Programa Criando o Cientista do Amanhã do MCTESTP, tem em curso uma formação de dois dias no IFP da Matola que reúne mais de 80 professores de todo o País. 

São várias as acções em curso, que vão desde o teatro de ciência até às experiências de Química e Física.








Todas as fotos em Capacitação dos Clubes de Ciência



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Olhar para lá do céu com o SKA

O Square Kilometre Array (SKA) é um projeto de ciência e engenharia que pretende construir o maior radiotelescópio do mundo e que só é possível graças ao esforço de muitos para a sua construção. Trata-se de um radiotelescópio com um quilómetro quadrado, ou seja, um milhão de metros quadrados (1.000.000 m2) sendo que este projecto representa um grande avanço ao nível da tecnologia e da investigação, e, sem dúvida promove o desenvolvimento. Implica a construção de um instrumento único, que necessitou de uma concetualização detalhada e um período de preparação, que está neste momento a decorrer.
Sendo um dos maiores empreendimentos científicos da história da humanidade, o SKA convoca os mais conceituados cientistas e engenheiros, assim como os políticos, de modo a materializar todo o projecto em tempo útil.
O SKA irá recorrer a centenas de milhares de radiotelescópios, dispostos em três configurações diferentes, que vão permitir aos astrónomos monitorizar o céu com um nível de detalhe nunca antes alcançado. Vamos ter a capacidade de rastrear o céu milhares de vezes mais rapidamente do que se recorressem a qualquer outro sistema actual.
As antenas irão ocupar áreas estratégicas em África e na Austrália. No deserto Karoo, na África do Sul, serão colocadas antenas de média e de alta frequência. Na região de Murchison, na Austrália, irão ser dispostas antenas de baixa frequência bem como o sistema de rastreio celeste.
Estas antenas e este sistema de rastreio vão proporcionar uma oportunidade para observações únicas, ultrapassando a qualidade da resolução de imagem do Telescópio Espacial Hubble em cerca de 50 vezes. Irá ser possível fazer a análise de enormes áreas do céu em paralelo, um feito que nenhum outro telescópio conseguiu atingir em tamanha escala e com tanta sensibilidade.
A par de tudo isto estão a ser preparados, para serem lançados no espaço, grandes telescópios ópticos e infravermelhos que, trabalhando em conjunto com o SKA, vão certamente proporcionar novas descobertas científicas. É todo um Mundo novo que desvenda aos nossos olhos!
A escolha dos locais para a colocação das antenas não é de todo aleatória. Estes locais foram apontados cientificamente e tecnicamente e pelo facto de serem zonas desérticas ou muito pouco povoadas. Esta decisão teve em conta as condições atmosféricas sobre os desertos, savanas, até à ausência de transmissões rádio. Por outro lado, o céu visto do Hemisfério Sul é muito mais rico em objectos cósmicos que o céu do Hemisfério Norte, por isso os grandes observatórios mundiais têm registado uma grande apetência para se instalaram do lado de cá do Equador.
E aqui entra Moçambique. Na primeira Fase, o SKA será instalado na África do Sul e na Austrália. Mas a ciência necessita que este primeiro SKA se torne muito maior para captar os sinais da imensidão cósmica mais distante. E assim, o SKA será expandido na segunda fase, para mais de 2.000 antenas, espalhadas pelos Países Africanos Parceiros do SKA, como Moçambique,  Namibia, Botsuana, Zâmbia, Quénia, Madagáscar, Maurícias e  Gana. Será uma grande rede de telescópios, que formarão um único telescópio continental Africano.
Esta é a maior infraestrutura científica do mundo, capaz de produzir 100 vezes mais informação que toda a Internet hoje em dia e usando duas vezes o diâmetro da Terra em fibra óptica. Estará assim criada uma grandiosa estrutura científica à escala planetária.
Em Moçambique vão ser colocadas várias antenas na Província de Manica e em Tete, sendo que esta colocação de antenas representa uma oportunidade ímpar para Moçambique desenvolver as suas empresas de construção civil, de telecomunicações e obviamente as Universidades. Nas Universidades esta pode ser uma alavanca para a Investigação a vários níveis. Moçambique fica assim com uma plataforma de formação avançada, internacional,  que promove sinergias entre as várias Engenharias com as Ciências.
O SKA demonstra que a Ciência não tem fronteiras e através da observação do espaço por via da observação astronómica será capaz de redefinir o nosso entendimento do espaço tal como o conhecemos actualmente. O SKA irá desafiar a Teoria da Relatividade do Einstein, verificar como é que se formaram as primeiras estrelas e galáxias logo após o big bang, ajudar os cientistas a compreender a misteriosa energia negra e os vastos campos magnéticos que principiam no cosmos e ainda esclarecer se estamos ou não sozinhos no Universo.
Na verdade tudo isto representa uma oportunidade que não deve ser desperdiçada. A face da Investigação e da Ciência em Moçambique pode mudar se soubermos olhar o céu com olhos de ver!

(co-autoria com Domingos Barbosa, Investigador em Radioastronomia., Universidade de Aveiro)

E o Ouro vai para… a Razão

Há coisas rodeadas de misticismo e tão enigmáticas que nos prendem a razão e nos deixam a pensar… o que escondem os números? Olhemos a Razão de Ouro, Número de Ouro, Razão Áurea ou Proporção Divina. Tudo são nomes diferentes de uma mesma quantidade, Phi, que é igual a 1.618033… Mas o que acontece no mundo dos números para que Phi tenha um tratamento especial?

Trata-se de um número irracional muito misterioso e enigmático que surge numa infinidade de elementos da natureza na forma de uma razão, sendo considerada por muitos como uma oferta de Deus ao mundo.

Vamos recuar até 1200 e ver o que o Matemático Leonardo Fibonacci anda a fazer. E não é que ele anda a estudar o crescimento das populações de coelhos! Da observação deste crescimento criou aquela que é provavelmente a sequência mais famosa – a Série de Fibonacci. Partindo de dois coelhos, Fibonacci foi contando como a sua população aumentava a partir da reprodução de várias gerações e chegou a esta sequência:

1 1 2 3 5 8 13 21 34 55 89...



Relação entre o Triângulo de Pascal e a série de Fibonaci

onde um número é igual a soma dos dois números imediatamente anteriores, deste modo

1+1=2 2+1=3 3+2=5 5+3=8 8+5=13 13+8=21 21+13=34

Dividindo 3/2, 5/3, 8/5, 13/8, … a média desses números aproxima-se de Phi. 

Esta descoberta abriu levou os cientistas a estudar a natureza em termos matemáticos e começaram a descobrir coisas ainda mais fantásticas. Não é só na Terra que se encontra a tal proporção. Nas galáxias, as estrelas distribuem-se em torno de um astro principal numa espiral obedecendo à Razão de Ouro. Os historiadores descrevem esta Razão associada à beleza perfeita e que Deus a teria escolhido para esculpir o mundo. O Mestre Leonardo da Vinci criou obras magníficas usando esta proporção nas suas obras e através de muitas medidas encontrou-a no corpo humano. 




Mede a tua altura e depois divide pela altura do teu umbigo até o chão; mede o teu braço inteiro e depois divide pela medida do cotovelo até dedo médio encontras sempre uma aproximação de Phi. Mais, a proporção de abelhas fêmeas em comparação com abelhas macho numa colmeia; o aumento do tamanho das espirais da casca do caracol, o aumento do diâmetro das espirais nas sementes de um girassol, a diminuição das folhas de uma árvore à medida que subimos de altura, … esta proporção é a Razão de Ouro.

Se desenharmos um rectângulo cujos lados tenham uma razão ente si igual à Razão de Ouro, este pode ser dividido num quadrado e noutro rectângulo. O novo rectângulo que se obtém obedece à Razão de Ouro entre os seus lados. Sendo que processo pode ser repetido indefinidamente mantendo-se a razão constante. Fantástico!


 “A proporção áurea ou razão de ouro aparece regularmente na Arte desde pelo menos o Séc. V a.C., quando o arquitecto Phideas a utilizou na concepção do Parténon. Desde então, este número tem surgido pela mão de artistas de diversas épocas e formas de arte, seja na pintura de Giotto, na música de Bartok, na poesia de Camões, na arquitectura do Iluminismo, nas construções de Le Corbusier ou nas obras de Almada Negreiros. Data de 1509 a obra De Divina Proportioni de Luca Paciolli. Pedro Nunes refere-a nos seus livros, e pode tê-la feito chegar a Camões, que, alegadamente, terá utilizado a razão de ouro na sua obra.”
Quem o afirma é Carlota Simões Professora e Vice-Directora do Museu da Ciência da mesma Universidade. 


Na escrita existe igualmente uma obsessão pelas proporções e em especial pela Razão de Ouro, sendo Almada Negreiros um dos autores onde melhor se reconhece esta característica, como se pode observar na última obra da sua vida “Ode à Geometria”.  
Muitos outros autores escreveram sobre este Número Phi mas poucos lhe dedicaram um poema.

“A média áurea é algo absurdo,
não é um irracional comum.
Se a invertemos (isso é divertido!),
aqui a temos de novo reduzida de um,
mas se pela unidade for somado,
acredite, isso dá o seu quadrado […]".

Este é uma estrofe do poema de Paul S. Bruckman, publicado no Jornal “The Fibonacci Quaterly”, 1977, denominando a Razão de Ouro como com a Razão Média.
Este poema traduz em palavras aquilo que acontece nas operações matemáticas:

1. “Se a invertemos ...” o inverso de Phi é (1/Phi) = 0,6180339...
2. "aqui a temos de novo reduzida de um…”,  Phi - 1 = 0,6180339..., 
3. “mas se pela unidade for somado”, Phi + 1 = 2,6180339...,
4. “…isso dá o seu quadrado.”, Phi*Phi = 2,6180339....

Coisas muito diferentes todas ligadas através de uma proporção comum – a Razão de Ouro.

Pode ser que tudo isto seja uma enorme coincidência. Ou que de facto existe um conceito de Unidade em todas as coisas que se vai revelando à medida que vamos aprofundando o nosso Saber sobre nós mesmos e sobre tudo que nos rodeia. A Razão de tudo isto? Não sabemos! Mas será com certeza uma Razão de Ouro!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Ciência e Desenvolvimento Sustentável

A preocupação com o ser humano e seu destino deve constituir sempre o interesse principal de todos os esforços técnicos... nunca se esqueçam disso nos vossos diagramas e equações, Albert Einstein (1879 – 1955).

Esta citação adequa-se ao momento que vivemos – colocar o Homem e as suas aspirações, de conhecimento e de bem-estar, em primeiro lugar sem o qual não conseguiremos “encontrar” o Futuro da Humanidade.

A Ciência e da Tecnologia é um dos mais extraordinários empreendimentos da Humanidade e o Mundo em que vivemos. É o resultado do progresso científico do conhecimento e das aplicações tecnológicas resultantes.

A nossa sociedade moderna e industrializada assenta na disponibilização de avanços tecnológicos e ao longo do tempo tem vindo a ser criada a expectativa de que um dia estará disponível para todos. No mundo industrializado estes avanços possibilitaram a produção de alimentos, a segurança alimentar, a saúde e o bem-estar individual e colectivo, caracterizado pelo apoio às crianças e aos idosos, mas também um aumento do consumo descontrolado. O reflexo de todo este desenvolvimento nos países em desenvolvimento possibilitou, apenas, a melhoria dos sistemas preventivos de saúde e uma relativa segurança alimentar tendo como consequência o aumento das taxas de crescimento populacional. Curiosamente estes são dois aspectos – os altos padrões de consumo e as altas taxas de crescimento populacional – que maior contributo têm para o desgaste ambiental acelerado em que vivemos.

Numa perspectiva pouco pensada deste problema somos levados a pensar que esta pressão ambiental é fruto do avanço da Ciência e da Tecnologia, sendo esta responsável por todos estes problemas com que o mundo se depara. Mas é exactamente o contrário! Os problemas actuais advêm da pouca e má utilização da Ciência e da Tecnologia.

O desenvolvimento sustentável do ambiente passa por recuperar, ou não destruir, o património natural, preservar os ecossistemas e definir políticas para o uso racional dos recursos que permita maximizar o seu uso e o seu aproveitamento sócio-económico.

Como conciliar todos estes conceitos de forma a criar uma política geral que privilegie a segurança, o bem-estar das pessoas e que acomode nela todos os seus anseios de uma vida melhor? 

É evidente que tudo passa por uma radical transformação do nosso modelo de vida baseado no desperdício, no consumo e numa visão do lucro máximo no mínimo tempo possível. Qual é, então, o papel da Ciência e Tecnologia na construção de um desenvolvimento sustentável?

Ciência, Técnica e Desenvolvimento

Precisamos de investigar mais, saber mais, divulgar mais e construir novas ferramentas com as quais se possam descobrir novos caminhos seguros e sustentáveis. A melhoria do meio ambiente, a insistente e determinada política que conduza à eliminação da pobreza, a redução do crescimento populacional e outras formas de produzir bens e serviços que a Sociedade considera importantes acabam por estar ligados. O desenvolvimento futuro da Humanidade deve permitir o progresso sustentável e equitativo, tendo a comunidade científica um papel preponderante nestes desígnios.
A constante deterioração do meio ambiente através da poluição do ar, da água e do solo, o desflorestamento, que Moçambique também conhece, quase descontrolado tem consequências dramáticas para as populações mais desprotegidas e manifesta-se a nível global.

Tudo isto existe, há muitos anos, nos modelos e nos escritos dos Cientistas que foram muito pouco escutados pela Sociedade e em particular pela classe política mundial.

A consciência científica pública começa agora a despertar quando existe uma perda visível e irreversível da biodiversidade, a necessidade de redução dos gases poluentes porque provoca doenças e mal-estar geral, o aumento do efeito estufa e o aumento do nível do mar, o avanço dos desertos com a perda da parte superior do solo e a poluição generalizada das ruas e das praias pelos resíduos das grandes cidades que não param de crescer.

É certo, agora, na consciência pública que as actividades humanas produzem mudanças sérias, globais e permanentes. A comunidade científica desenvolveu teorias, conjecturas, projecções e modelos que de uma forma ou de outra previam este desfecho.

Problemas Globais respostas Internacionais

A consciência pública e os governos dedicam agora grande parte tempo ao meio ambiente global e ao impacto das actividades humanas sobre este. Mas não é só tempo que é gasto, a comunidade internacional despende avultadas quantias de dinheiro para prevenir e atenuar o mau planeamento de décadas que acabou por colocar as populações em risco.

Nem tudo são mudanças climatéricas, a maior parte dos desastres que vão acontecer são resultados de mau planeamento. Os cientistas há muito que vinham avisando que não se podem destruir as barreiras naturais, como as dunas, que o mangal é precioso para conter a subida das águas e a salinização dos solos e que estas zonas não deviam ser usadas para construções. O não cumprimento destas indicações tem agora as suas consequências dramáticas. A comunidade científica tem a responsabilidade de fornecer informações precisas acerca da situação e meios para monitorar as mudanças que vêm ocorrendo devido ao aumento crescente das actividades humanas.
Os cientistas têm à sua disposição instrumentos poderosos tais como satélites de observação terrestre, navios oceanográficos, computadores para armazenar e criar complexos modelos com base no conhecimento científico actual. Mas muito há para fazer. É necessário modelar a Natureza de modo a prever, reduzir as incerteza e fornecer conjecturas do seu comportamento. É este o caminho que a humanidade vai percorrer.

Todo este trabalho científico necessita de ser apoiado! Os problemas que enfrentamos são de natureza global e exigem um esforço internacional.

Para os Países em Desenvolvimento, como Moçambique, esta é uma oportunidade de desenvolver a sua Ciência e Tecnologia, formar os seus Investigadores, os grupos de investigação multidisciplinares e transdisciplinares e cooperar com os grandes centros de investigação. Sem nunca esquecer a Divulgação Científica com vista à criação de uma cultura Científica generalizada.
A comunidade científica está consciente que o estudo científico das mudanças globais não representa a totalidade dos esforços necessários para atingir metas importantes de Desenvolvimento Sustentável. O mais importante é a transformação das mentalidades e da sociedade.

É na Sociedade que se devem operar as necessárias movimentações de consciência social que levem ao desenvolvimento sustentável, sendo para isso necessário estabelecer pontes de diálogo e trabalho com todos. Engenheiros, Cientistas, Comerciantes, Industriais todas as organizações governamentais e não-governamentais que actuam directamente na sociedade devem trabalhar neste grande empreendimento de transformação social.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

SENTIR.MZ

A Ciência e os cinco Sentidos
Dez módulos interactivos de cores fortes, construídos e materiais plásticos e fibra de vidro que, num conjunto coerente e de forma apelativa e lúdica, permitem a familiarização com os fundamentos científicos de várias formas de comunicar, em relação com os 5 sentidos.

Uma exposição interactiva que toca, simultaneamente, o público escolar de todas as idades e o público adulto, fomentando a aprendizagem da Ciência.

Brevemente no Museu de História Natural em Maputo.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Geração 2030

Este programa foi batizado de “Geração 2030”, por ter como principais destinatários os jovens de hoje e incentivá-los a tornarem-se os cientistas de 2030. 
O objetivo passa por estabelecer uma relação de proximidade entre os jovens e a ciência, criando neles um interesse pelas matérias transmitidas e preparando-os para serem os cientistas do futuro.É objetivo deste programa, que se enquadra também no trabalho realizado pelo Pensas no âmbito da cooperação, conseguir criar pontos de contacto entre a ciência e os jovens, em Portugal e Moçambique, usando termos que conheçam e exemplos do dia-a-dia, que façam sentido para quem não tem um conhecimentos prévios na área.


Recorrendo a conteúdos, investigadores e imagens de apoio capazes de despertar o interesse dos jovens alunos em ambos os países, o “Geração 2030” comunica temáticas científicas como algo acessível e excitante, sem comprometer o rigor da matéria veiculada.

Desta forma, os jovens – tal como o público em geral -, deverão possuir uma ideia generalizada do papel da ciência na sociedade. Ao levar a cultura científica para fora das instituições, o “Geração 2030”estará a formar cidadãos esclarecidos e interessados, que poderão, efetivamente, abraçar um futuro ligado à área científica, por compreenderem que a Ciência está no nosso dia-a-dia, ajuda a compreender melhor o nosso Universo e fornece soluções visíveis para problemas reais.
Os programas podem ser vistos em:
Programas da Geração 2030


O programa “Geração 2030” foi apoiado por fundos comunitários, através do Compete – Programa Operacional Fatores de Competitividade, com o objetivo de alargar o âmbito da comunicação de ciência do Pensas@moz ao público em idade escolar. 

EquaMat@moz – Competição Moçambicana de Matemática


As questões relacionadas com o insucesso escolar, em particular na disciplina de Matemática, estão a ganhar peso e a gerar preocupação em todo o Mundo, Moçambique não é excepção e enfrenta hoje uma dramática situação de falta de interesse por esta disciplina que tem repercussões nas escolhas futuras de cursos tecnológicos e de ciências naturais. São afectados sobretudo os cursos de Engenharia, Ciências básicas e os Cursos Técnico Profissionais. Conhecer as suas causas, por um lado, e encontrar formas de inverter este ciclo, por outro, é uma prioridade nacional no domínio da Educação, mas não só, esta preocupação deve estender-se ás Empresas e às Universidades.
Precisamos de encontrar outras formas de Ensinar e Aprender. Precisamos de dar a conhecer de forma lúdica, por exemplo, a disciplina de Matemática. 
Foi com este propósito que nasceu em 1989 o Projecto Matemática Ensino na Universidade de Aveiro (PmatE) em Portugal. Tem como vectores de desenvolvimento os modelos geradores de questões com asserções a que os alunos têm que indicar o seu valor lógico, sendo que todas as questões podem ser falsas, verdadeira ou misto das duas. 
Os modelos geradores de questões são modelos de exercícios que se concretizam através de parâmetros, permitindo gerar sempre novas questões a cada interacção com o sistema. Assim modelada, esta aplicação serve sobretudo: o diagnóstico, a competição e a avaliação (parcial), sendo que a mais interessante é a sua característica de jogo. A EquaMat, o primeiro jogo saído deste projecto, atraiu milhares de alunos e em 2003 ultrapassa fronteiras e chega a Moçambique através da EQUAmat@moz. 
A EquaMat@mz é uma competição nacional de Matemática que utiliza as ferramentas informáticas existentes, computadores e a internet, e com conteúdos do programa escolar moçambicano. Esta competição envolveu ao longo dos anos milhares de alunos e levou alguns destes a competir internacionalmente.

Este sucesso em termos de participação de alunos deve-se sobretudo à envolvência dos professores da disciplina de Matemática, à forma lúdica e atractiva como são apresentados os conteúdos escolares e ao formato de jogo. A EquaMat@moz torna a disciplina de Matemática mais atraente, permitindo formar alunos participativos, críticos e confiantes no modo como lidam com esta disciplina.

De 2003 até hoje, muito evolui em Moçambique em termos da disponibilidade da Internet e do número de computadores instalados no Pais, nas Escolas, mas também nas Universidades e Empresas que sempre colaboram com este projecto.
Este é um projecto que se revê com o valor mais altor da Educação – a Equidade. A utilização da Internet e a solidariedade de Empresas e Universidades colocam os alunos do Ensino Secundário de todo o País a competir ao mesmo nível. A exigência e a preocupação com a inclusão de todos os alunos, a criação de uma mentalidade que valorize o esforço e respeite os ritmos de aprendizagem dos alunos são os objectivos que estão por detrás desta competição, permitindo uma aprendizagem mais atractiva e interactiva das matérias leccionadas.
As Formações de Professores em torno da EquaMat@moz têm um factor de impacto muito grande já que a par da necessária formação far-se-ão competições locais de modo a promover a competição. São um dos momentos mais importantes do trabalho de preparação para as Competição, por forma a cimentar os conhecimentos adquiridos e estimular a aprendizagem, não só da disciplina em questão mas também das novas tecnologias, ferramenta fundamental para a realização destas actividades.
Os alunos vão poder treinar na Plataforma Edu@moz, que obedece a uma fase de registo. Os professores acompanham os alunos das suas escolas aos respectivos Centros e procedem ao esclarecimento das dúvidas.
Toda esta envolvência gera um interesse e um entusiasmo muito grande em torno da Matemática. É sem dúvida um enorme sucesso!

11 de Fevereiro - Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

Este dia é uma oportunidade para que todos tomem uma posição a favor das meninas e mulheres na Ciência.
As meninas continuam a enfrentar estereótipos e restrições sociais e culturais, que limitam seu acesso à educação, impedindo-as de desenvolver carreiras científicas e de realizar todo o seu potencial. 
As mulheres continuam sendo minoria na investigação e na tomada de decisões na área da ciência. Isso lança uma sombra sobre todos os esforços para alcançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris sobre Mudança Climática – sendo que ambos destacam os papéis-chave da igualdade de género e da ciência.
Ao mesmo tempo, meninas e mulheres suportam os fardos mais pesados da pobreza e da desigualdade – elas estão nas linhas de frente da mudança climática, incluindo os desastres resultantes de riscos naturais. 
A obtenção de progressos significativos deve começar com os direitos e a dignidade das mulheres, por meio do estímulo à sua criatividade.
Aqui ficam algumas, apenas algumas, das poucas mulheres que deixaram sua marca na evolução da Ciência: 
Hildegard de Bingen (1098-1179) Durante a idade média, as mulheres tinham acesso à formação nos conventos e foi como abadessa que Hildegard de Bingen (ou santa Hildegard, para a igreja anglicana) escreveu livros sobre botânica e medicina. As suas habilidades de médica eram conhecidas e frequentemente confundidas com milagres. 
Maria Gaetana Agnesi (1718-1799) A matemática espanhola descobriu uma solução para equações que ainda hoje se usam. É ela a autora do primeiro livro de álgebra escrito por uma mulher. Também foi a primeira a ser convidada para ser professora de matemática numa universidade. 
Ada Lovelace (1815 -1852) Ada é a primeira mulher a trabalhar em Algoritmos, tendo desenvolvido o seu trabalho em motores analíticos – a ferramenta que baseou a invenção dos primeiros computadores.  
Elizabeth Arden (1884- 1966)  Formada em enfermagem, começou sua carreira criando cremes para queimaduras na sua cozinha, usando leite e gordura. E assim nascia a Elizabeth Arden, uma das mais valiosas empresas de cosméticos da actualidade. 
Marie Curie (1867 – 1934)  Madame Curie é famosa pelos seus trabalhos pioneiros sobre a radioatividade, pela descoberta dos elementos polônio e rádio e por conseguir isolar isótopos destes elementos. Foi a primeira mulher a ganhar um Nobel e a primeira pessoa a ser laureada duas vezes com o prémio: a primeira vez em Química, em 1903, e a segunda em física, em 1911. 
Florence Sabin (1871-1953) Florence é conhecida como “a primeira-dama da ciência americana” – ela estudou os sistemas linfático e imunológico do corpo humano. Tornou-se a primeira mulher a ganhar uma cátedra na Academia Nacional de Ciência dos EUA. 
Virginia Apgar (1909 -1974) É a criadora da Escala de Apgar, exame que avalia recém-nascidos em seus primeiros momentos de vida, e que, desde então, diminuiu as taxas de mortalidade infantil. Especialista em anestesia, ela também descobriu que algumas substâncias usadas como anestésico durante o parto acabavam prejudicando o bebê. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Museu – um espaço de liberalidade

Imaginem um espaço onde a informação transita livremente e, aliada à possibilidade de entretenimento, consegue criar conexões de entre os diversos conhecimentos. Estamos a falar de um lugar real onde tudo é possível – um Museu.
Um Museu é um espaço consagrado à investigação, à conservação e à exposição de colecções que tenham um valor cultural e científico. É o lugar ideal para quem deseja viver as relações do homem com o mundo, onde se privilegia o conhecimento num espaço mais ou menos interactivo capaz de proporcionar aprendizagem através do despertar dos sentidos.


O domínio da informação e do conhecimento, são hoje, os grandes desígnios do Humanidade, sendo que, para criar ou ampliar o sentido de uma sociedade moderna são exigidos espaços de fruição do conhecimento, da cultura e da memória.
Um Museu tem uma valência de elevada importância social – o seu serviço educativo – que atribui uma dimensão superior ao conhecimento e que o transmuta para o apoio à Escola. Em 1976, esta era uma das recomendações, de entre muitas outras, saídas da Conferência de Nairobi promovida pela Unesco e onde se pode ler:
 “Authorizes the Director-General to undertake or pursue a programme of activities designed to promote, in the context of lifelong education, the renovation and improvement of structures, content, methods and techniques of school and out-of-school education geared to development, bearing in mind Unesco’s recommendation concerning education for international understanding, co-operation and peace and education relating to human rights and fundamental freedoms and the various needs of Member States”[1]
Da leitura deste documento salienta-se a criação de uma forte consciência social, económica e politica em torno da importância da interligação – Conhecimento, Ciência e Técnica, naquilo que anos mais tarde se viria a designar por Terceira Cultura. A tudo isto se alia a Comunicação como forma de dar a conhecer, também promover o Sucesso e do Desenvolvimento da Sociedade.
A Aprendizagem ao longo da vida é fundamental para a compreensão do Mundo, dos seus avanços científicos e tecnológicos, e das discussões geradas em torno destes, sendo que nela estão contemplados todos os contextos – formal, não-formal e informal – onde é gerada essa aprendizagem. A educação formal caracteriza-se por ser altamente estruturada, desenvolve-se no seio de instituições próprias – Escolas e Universidades – onde o aluno deve seguir um programa pré-determinado e semelhante a todos os outros alunos. A educação não-formal processa-se fora do ambiente escolar e é veiculada pelos Museus, meios de comunicação e outros eventos de natureza diversa, tais como feiras, viagens e encontros, com o propósito de transmitir conhecimento a um público heterogéneo. De outra forma, a educação não-formal é toda a atividade, organizada, sistemática e educativa, realizada fora da Escola e de forma intencional a produzir aprendizagens a grupos de adultos ou crianças. A aprendizagem não-formal desenvolve-se, assim, de acordo com os desejos do indivíduo, num clima especialmente concebido para se tornar agradável.

Finalmente, a educação informal ocorre de forma espontânea na vida do dia a dia através de conversas com familiares, amigos, colegas e outros interlocutores ocasionais. 
Podemos, então, afirmar que os ensinos formal, não-formal e informal podem apresentar-se como vias complementares de acesso ao Conhecimento. Esta perspetiva tem como foco uma visão de linearidade conhecimento-ciência-cultura. Neste sentido, a ciência não se opõe à cultura, antes a integra, contribuindo com conhecimentos específicos para um saber que se adapte às necessidades dos indivíduos numa sociedade, que é hoje, do conhecimento. Para simplificar a linguagem, a educação considerada não-formal passa a estar englobada na denominação de informal, pelo que o “conceito de informal” passa a conter também a definição apresentada para não-formal.

A aprendizagem informal é de entre todas as formas de aprendizagem menos programável, é um processo que dura toda a vida e em que as pessoas adquirem e acumulam conhecimentos, capacidades, atitudes e modos de discernimento mediante as experiências diárias e sua relação com o meio ambiente.A liberalidade e a disposição de tolerar o desafio do desconhecimento é o princípio básico do avanço do Conhecimento. O mais importante é criar territórios onde tudo possa ser experimentado e observado.
Ao Património Cultural, urge acrescentar outros conhecimentos que a Ciência e a Tecnologia proporcionam, contribuindo para uma visão unificada, enriquecida, do mundo e de nós próprios - a Terceira Cultura.

A ideia antiga, e muito enraizada, de que estas temáticas são herméticas e não relacionáveis é, hoje, um absurdo. O surgimento das industrias criativas - aquelas que têm origem na criatividade, capacidade e talento individuais, e que potenciam a criação de riqueza e de empregos através da produção e exploração da propriedade intelectual – são a indicação mais visível de que tudo se pode relacionar. As indústrias criativas abarcam um conjunto amplo de actividades – das Artes às Tecnologias –, incluindo não só as indústrias culturais, como toda a produção artística ou cultural. São estes os aspecto que convém realçar na Programação de um Museu e que se podem resumir numa frase – a abertura ao Mundo.

A forma de comunicar que se opera num Museu, deve ter em conta a experiência, as vivências e os interesses dos receptores da Informação que este transmite. A aproximação a fenómenos facilmente identificáveis e comumente observáveis é importante para não quebrar os canais de comunicação com os destinatários. No entanto, desta tarefa não faz parte ensinar nem hierarquizar saberes adquiridos, nem muito menos avaliá-los e classificá-los, sendo esta a diferença mais óbvia entre a “Comunicação de Ciência” e a “Escola”, mas ambas são áreas de intervenção que contribuem para a promoção da Cultura e do Conhecimento.

Mesmo que se levantem todas as dúvidas, o mais importante é questionar, manipular, criar e experimentar. Tenho para mim que este é principio fundamental do Desenvolvimento da Humanidade e desta como Sociedade do Conhecimento.



[1] Records of the General Conference Nineteenth Session Nairobi, 26 October to 30 November 1976, Volume 1, Resolutions United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. [http://unesdoc.unesco.org/images/0011/001140/114038e.pdf]