sábado, 18 de março de 2017

Microbiologia: viagem ao mundo invisível (Parte III)


Como um dia ouvi dizer uma famosa investigadora portuguesa, com ligações à Gorongosa, a doutora Eugénia Cunha “ausência de evidência, não é evidência de ausência”. Se na última viagem falámos de uma parte da Microbiologia que pode apresentar algumas formas visíveis a olho nú, hoje falaremos de uma outra parte da Microbiologia, que se dedica ao estudo dos vírus, a Virologia, onde isso é impossível, não querendo de todo dizer que eles não existem!

Vírus é uma palavra que deriva do latim e significa “veneno” ou “toxina”. Embora só tenham sido observados através do uso do microscópio electrónico na década de 40 do século passado, existem registos da sua manifestação no Século X AC, na China. Mas o que são afinal os vírus? Os vírus são agentes infecciosos de pequenas dimensões (20-300 nm), intracelulares obrigatórios (dependem da célula hospedeira para se replicar) e têm como material genético o ácido desoxirribonucleico (ADN) ou o ácido ribonucleico (ARN). Em raras excepções, podem conter, simultaneamente, ADN e RNA, como é o caso do mimivírus. A estrutura de um vírus é relativamente simples. De um modo geral, são constítudos por material genético (ADN ou RNA) envolto numa capside. Estes são chamados os vírus nús. A capside pode estar envolvida por uma estrutura designada de envelope, neste caso os vírus são revestidos.

Imagem de: http://biologiadezblog.blogspot.pt/p/virus-caracteristicas-gerais.html

Existe ainda uma grande controvérsia se os vírus podem ser considerados seres vivos. Alguns dos argumentos a favor desta afirmação assentam em factos como reproduzirem-se e evoluírem face ao ambiente, e fazerem parte de linhagens contínuas. Por outro lado, alguns dos argumentos contra esta afirmação prendem-se com o facto de os vírus não serem capazes de obter nutrientes e energia, e não terem um metabolismo próprio. Controvérsias à parte, os vírus são os agentes infecciosos mais difundidos no planeta. Eles podem infectar plantas, mamíferos, insectos, protozoários e até bactérias. Alguns vírus são inofensivos. No entanto, outros, como o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), o Ébola, ou o de Marbug, são extremamente perigosos pela sua alta capacidade de contágio.

Se no caso do HVI, agente associado ao Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida (SIDA), já existe bastante informação disponível, uma vez que, infelizmente, em muitos países, este vírus afecta uma grande percentagem da população, o que se verifica também em Moçambique, existem outros vírus onde a informação é mais escassa, como é o caso da Dengue. A Dengue é uma doença viral causada pela picada de um mosquito (tisuna, em changana) fêmea infectado com o vírus. 

Esta não é uma doença muito frequente em Moçambique. Contudo, em 2014, a província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, registou 20 casos da doença. O transmissor do vírus é o tisuna Anopheles, o mesmo que pode também transmitir a Malária.

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