Imaginem um espaço onde a informação transita livremente e, aliada à possibilidade de entretenimento, consegue criar conexões de entre os diversos conhecimentos. Estamos a falar de um lugar real onde tudo é possível – um Museu.
Um Museu é um espaço consagrado à investigação, à conservação e à exposição
de colecções que tenham um valor cultural e científico. É o lugar ideal para
quem deseja viver as relações do homem com o mundo, onde se privilegia o conhecimento
num espaço mais ou menos interactivo capaz de proporcionar aprendizagem através
do despertar dos sentidos.
O domínio da informação e do conhecimento, são hoje, os grandes desígnios
do Humanidade, sendo que, para criar ou ampliar o sentido de uma sociedade moderna
são exigidos espaços de fruição do conhecimento, da cultura e da memória.
Um Museu tem uma valência de elevada importância social – o seu serviço educativo
– que atribui uma dimensão superior ao conhecimento e que o transmuta para o
apoio à Escola. Em 1976, esta era uma das recomendações, de entre muitas
outras, saídas da Conferência de Nairobi promovida pela Unesco e onde se pode
ler:
“Authorizes the Director-General to undertake or pursue a programme of activities designed to promote, in the context of lifelong education, the renovation and improvement of structures, content, methods and techniques of school and out-of-school education geared to development, bearing in mind Unesco’s recommendation concerning education for international understanding, co-operation and peace and education relating to human rights and fundamental freedoms and the various needs of Member States”[1]
Da leitura deste documento salienta-se a criação de uma forte consciência
social, económica e politica em torno da importância da interligação – Conhecimento,
Ciência e Técnica, naquilo que anos mais tarde se viria a designar por Terceira
Cultura. A tudo isto se alia a Comunicação como forma de dar a conhecer, também
promover o Sucesso e do Desenvolvimento da Sociedade.
A Aprendizagem ao
longo da vida é fundamental para a compreensão do Mundo, dos seus avanços
científicos e tecnológicos, e das discussões geradas em torno destes, sendo que
nela estão contemplados todos os contextos – formal, não-formal e informal –
onde é gerada essa aprendizagem. A educação formal
caracteriza-se por ser altamente estruturada, desenvolve-se no seio de
instituições próprias – Escolas e Universidades – onde o aluno deve seguir um programa
pré-determinado e semelhante a todos os outros alunos. A educação
não-formal processa-se fora do ambiente escolar e é veiculada pelos Museus,
meios de comunicação e outros eventos de natureza diversa, tais como feiras,
viagens e encontros, com o propósito de transmitir conhecimento a um público
heterogéneo. De outra forma, a educação não-formal é toda a atividade,
organizada, sistemática e educativa, realizada fora da Escola e de forma
intencional a produzir aprendizagens a grupos de adultos ou crianças. A
aprendizagem não-formal desenvolve-se, assim, de acordo com os desejos do indivíduo,
num clima especialmente concebido para se tornar agradável.
Finalmente, a educação informal ocorre de forma espontânea na vida do dia a dia através de conversas com familiares, amigos, colegas e outros interlocutores ocasionais.
Podemos, então,
afirmar que os ensinos formal, não-formal e informal podem apresentar-se como
vias complementares de acesso ao Conhecimento. Esta perspetiva tem como foco
uma visão de linearidade conhecimento-ciência-cultura. Neste sentido, a ciência
não se opõe à cultura, antes a integra, contribuindo com conhecimentos
específicos para um saber que se adapte às necessidades dos indivíduos numa
sociedade, que é hoje, do conhecimento. Para simplificar
a linguagem, a educação considerada não-formal passa a estar englobada na denominação
de informal, pelo que o “conceito de informal” passa a conter também a
definição apresentada para não-formal.
A aprendizagem informal é de entre todas as formas de aprendizagem menos programável, é um processo que dura toda a vida e em que as pessoas adquirem e acumulam conhecimentos, capacidades, atitudes e modos de discernimento mediante as experiências diárias e sua relação com o meio ambiente.A liberalidade e a disposição de tolerar o desafio do desconhecimento é o princípio básico do avanço do Conhecimento. O mais importante é criar territórios onde tudo possa ser experimentado e observado.
Ao Património
Cultural, urge acrescentar outros conhecimentos que a Ciência e a Tecnologia
proporcionam, contribuindo para uma visão unificada, enriquecida, do mundo e de
nós próprios - a Terceira Cultura.
A ideia antiga, e
muito enraizada, de que estas temáticas são herméticas e não relacionáveis é, hoje,
um absurdo. O surgimento das industrias criativas - aquelas que têm origem na
criatividade, capacidade e talento individuais, e que potenciam a criação de
riqueza e de empregos através da produção e exploração da propriedade
intelectual – são a indicação mais visível de que tudo se pode relacionar. As
indústrias criativas abarcam um conjunto amplo de actividades – das Artes às
Tecnologias –, incluindo não só as indústrias culturais, como toda a produção
artística ou cultural. São estes os
aspecto que convém realçar na Programação de um Museu e que se podem resumir
numa frase – a abertura ao Mundo.
A forma de
comunicar que se opera num Museu, deve ter em conta a experiência, as vivências
e os interesses dos receptores da Informação que este transmite. A aproximação
a fenómenos facilmente identificáveis e comumente observáveis é importante para
não quebrar os canais de comunicação com os destinatários. No entanto, desta
tarefa não faz parte ensinar nem hierarquizar saberes adquiridos, nem muito menos
avaliá-los e classificá-los, sendo esta a diferença mais óbvia entre a “Comunicação
de Ciência” e a “Escola”, mas ambas são áreas de intervenção que contribuem
para a promoção da Cultura e do Conhecimento.
Mesmo que se levantem
todas as dúvidas, o mais importante é questionar, manipular, criar e
experimentar. Tenho para mim que este é principio fundamental do Desenvolvimento
da Humanidade e desta como Sociedade do Conhecimento.
[1] Records of the General Conference Nineteenth
Session Nairobi, 26 October to 30 November 1976, Volume 1, Resolutions United
Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. [http://unesdoc.unesco.org/images/0011/001140/114038e.pdf]
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