“A preocupação com o ser humano e seu destino deve constituir sempre o interesse principal de todos os esforços técnicos... nunca se esqueçam disso nos vossos diagramas e equações”, Albert Einstein (1879 – 1955).
Esta citação adequa-se ao momento que vivemos –
colocar o Homem e as suas aspirações, de conhecimento e de bem-estar, em
primeiro lugar sem o qual não conseguiremos “encontrar” o Futuro da Humanidade.
A
Ciência e da Tecnologia é um dos mais extraordinários empreendimentos da
Humanidade e o Mundo em que vivemos. É o resultado do progresso científico do
conhecimento e das aplicações tecnológicas resultantes.
A
nossa sociedade moderna e industrializada assenta na disponibilização de
avanços tecnológicos e ao longo do tempo tem vindo a ser criada a expectativa
de que um dia estará disponível para todos. No mundo industrializado estes
avanços possibilitaram a produção de alimentos, a segurança alimentar, a saúde
e o bem-estar individual e colectivo, caracterizado pelo apoio às crianças e
aos idosos, mas também um aumento do consumo descontrolado. O reflexo de todo
este desenvolvimento nos países em desenvolvimento possibilitou, apenas, a
melhoria dos sistemas preventivos de saúde e uma relativa segurança alimentar tendo
como consequência o aumento das taxas de crescimento populacional. Curiosamente
estes são dois aspectos – os altos padrões de consumo e as altas taxas de
crescimento populacional – que maior contributo têm para o desgaste ambiental
acelerado em que vivemos.
Numa
perspectiva pouco pensada deste problema somos levados a pensar que esta
pressão ambiental é fruto do avanço da Ciência e da Tecnologia, sendo esta
responsável por todos estes problemas com que o mundo se depara. Mas é
exactamente o contrário! Os problemas actuais advêm da pouca e má utilização da
Ciência e da Tecnologia.
O
desenvolvimento sustentável do ambiente passa por recuperar, ou não destruir, o
património natural, preservar os ecossistemas e definir políticas para o uso
racional dos recursos que permita maximizar o seu uso e o seu aproveitamento
sócio-económico.
Como
conciliar todos estes conceitos de forma a criar uma política geral que
privilegie a segurança, o bem-estar das pessoas e que acomode nela todos os
seus anseios de uma vida melhor?
É evidente que tudo passa por uma radical transformação
do nosso modelo de vida baseado no desperdício, no consumo e numa visão do
lucro máximo no mínimo tempo possível. Qual
é, então, o papel da Ciência e Tecnologia na construção de um desenvolvimento
sustentável?
Ciência, Técnica e Desenvolvimento
Precisamos
de investigar mais, saber mais, divulgar mais e construir novas ferramentas com
as quais se possam descobrir novos caminhos seguros e sustentáveis. A
melhoria do meio ambiente, a insistente e determinada política que conduza à eliminação
da pobreza, a redução do crescimento populacional e outras formas de produzir
bens e serviços que a Sociedade considera importantes acabam por estar ligados. O
desenvolvimento futuro da Humanidade deve permitir o progresso sustentável e
equitativo, tendo a comunidade científica um papel preponderante nestes
desígnios.
A
constante deterioração do meio ambiente através da poluição do ar, da água e do
solo, o desflorestamento, que Moçambique também conhece, quase descontrolado
tem consequências dramáticas para as populações mais desprotegidas e
manifesta-se a nível global.
Tudo
isto existe, há muitos anos, nos modelos e nos escritos dos Cientistas que
foram muito pouco escutados pela Sociedade e em particular pela classe política
mundial.
A
consciência científica pública começa agora a despertar quando existe uma perda
visível e irreversível da biodiversidade, a necessidade de redução dos gases
poluentes porque provoca doenças e mal-estar geral, o aumento do efeito estufa
e o aumento do nível do mar, o avanço dos desertos com a perda da parte
superior do solo e a poluição generalizada das ruas e das praias pelos resíduos
das grandes cidades que não param de crescer.
É
certo, agora, na consciência pública que as actividades humanas produzem
mudanças sérias, globais e permanentes. A comunidade científica desenvolveu
teorias, conjecturas, projecções e modelos que de uma forma ou de outra previam
este desfecho.
Problemas Globais respostas Internacionais
A
consciência pública e os governos dedicam agora grande parte tempo ao meio
ambiente global e ao impacto das actividades humanas sobre este. Mas não é só
tempo que é gasto, a comunidade internacional despende avultadas quantias de
dinheiro para prevenir e atenuar o mau planeamento de décadas que acabou por
colocar as populações em risco.
Nem
tudo são mudanças climatéricas, a maior parte dos desastres que vão acontecer
são resultados de mau planeamento. Os cientistas há muito que vinham avisando
que não se podem destruir as barreiras naturais, como as dunas, que o mangal é
precioso para conter a subida das águas e a salinização dos solos e que estas
zonas não deviam ser usadas para construções. O não cumprimento destas
indicações tem agora as suas consequências dramáticas. A
comunidade científica tem a responsabilidade de fornecer informações precisas
acerca da situação e meios para monitorar as mudanças que vêm ocorrendo devido
ao aumento crescente das actividades humanas.
Os
cientistas têm à sua disposição instrumentos poderosos tais como satélites de
observação terrestre, navios oceanográficos, computadores para armazenar e criar
complexos modelos com base no conhecimento científico actual. Mas muito há para
fazer. É necessário modelar a Natureza de modo a prever, reduzir as incerteza e
fornecer conjecturas do seu comportamento. É este o caminho que a humanidade
vai percorrer.
Todo
este trabalho científico necessita de ser apoiado! Os problemas que enfrentamos
são de natureza global e exigem um esforço internacional.
Para
os Países em Desenvolvimento, como Moçambique, esta é uma oportunidade de desenvolver
a sua Ciência e Tecnologia, formar os seus Investigadores, os grupos de
investigação multidisciplinares e transdisciplinares e cooperar com os grandes
centros de investigação. Sem nunca esquecer a Divulgação Científica com vista à
criação de uma cultura Científica generalizada.
A
comunidade científica está consciente que o estudo científico das mudanças
globais não representa a totalidade dos esforços necessários para atingir metas
importantes de Desenvolvimento Sustentável. O mais importante é a transformação
das mentalidades e da sociedade.
É
na Sociedade que se devem operar as necessárias movimentações de consciência
social que levem ao desenvolvimento sustentável, sendo para isso necessário
estabelecer pontes de diálogo e trabalho com todos. Engenheiros, Cientistas, Comerciantes,
Industriais todas as organizações governamentais e não-governamentais que actuam
directamente na sociedade devem trabalhar neste grande empreendimento de
transformação social.
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