quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Bienal STEM+L Abertura


Esta bienal que agora se inicia representa um acto de coragem perante o quanto é difícil trabalhar em Ciência. Este evento, não tem pastas, canetas, flash drives, não estamos num hotel bonito, nem num lugar paradisíaco de Moçambique, estamos numa sala de aula igual a tantas outras pelo mundo fora ... mas temos professores das províncias de Moçambique que vieram assistir, pagos pela organização, ninguém paga inscrição para aqui falar ou assistir. Não temos tradução simultânea por que nos entendemos nas nossas línguas que descendem da língua portuguesa.

Esta é a nossa forma de estar na educação e na ciência.

Se a ciência é um dos maiores empreendimentos da humanidade, então que seja acessível a todos! Queremos que esta bienal se torne uma plataforma de dialogo permanente e que dela brotem projectos extraordinários, inspiradores e sustentáveis.

Estamos aqui discutir vários projectos de STEM e do Ensino da Língua enquanto lá fora decorrem  competições de robótica e a feira de ciências. Quisemos que assim fosse!

Um evento conjunto, partilhado (organizado pela Osuwela, o MCTESTP e a UP, patrocinado pelo Porto de Maputo, pela UPI e STEM4all) e que nos permite observar uma dinâmica transformadora das nossas visões sobre a educação, a ciência e a tecnologia.

Queremo-nos entender melhor, tomar melhores decisões, perceber como são resolvidos os desafios noutras paragens. Como diz Marylin von Savant 'para se aprender tem que estudar, para ser sábio tem que se observar'

A ciência, que faz parte da cultura, não é tratada da mesma forma. Parece um parente mais pobre. Aceitamos sem discussão que se criem centros culturais, mas discutimos horas a fio a utilidade de um centro de ciência. Os professores das escolas que trabalham em Ciência, fora do seu horário lectivo, nada recebem por isso, contrariamente aos que trabalham em desporto e noutras actividades culturais.

Não se iludam, os problemas de hoje na educação não são só a falta de gosto pela matemática ou pelas ciências naturais, que resultam tanto da falta do ensino experimental das ciências e de trabalho de campo, como da falta de gosto na leitura de um livro de aventuras ou de um livro de poesia.

Tudo isto nos faz pensar no modelo que pretendemos para a educação e para a ciência em Moçambique. Mas 'pensar é como andar à chuva... incomoda!", quem o disse foi Fernando Pessoa.
Queremos alunos que pensem, que aprendam a aprender e que saibam resolver problemas. Ajudem-nos a construir um novo modelo, o nosso modelo, para a nossa educação e ciência.

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