segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

STEM deve ser para todos! / STEM is for everyone!



Vão achar estranho este artigo escrito por um homem, esse ser tão privilegiado no que toca às "bricolages" e às engenharias. Ou até não seja assim tão disparatado de todo escrever um artigo que reconhece que não há diferenças entre géneros, raças ou crenças no que toca a ciência, basta que tenhamos todos a possibilidade de aceder a uma boa formação!

Pois é, tudo isto porque fui desafiado novamente a escrever um artigo sobre algo que começo a pensar que se trata de uma missão, "STEM para todos". Acredito que devemos deixar cair os estigmas de que há trabalhos mais para homens e outros mais para mulheres e depressa... mas os tempos têm dado sinais disso!

Ora vamos então ao exercício que proponho hoje... Quantos de vocês (que estão a perder tempo a ler isto) já estiveram a preencher um formulário e se enganaram? Aquela tinta correctora deu um jeitaço, não foi? Pois essa tinta foi inventada por uma datilografa americana que fez uma fortuna quando vendeu a patente! Já estou a ver a cara surpresa de alguns...

E quantos de vocês já andaram de barco e olharam para os botes salva-vidas e pensaram: "espero que nunca seja preciso..."; mas o que não pensaram mesmo é que foi mais uma mulher que inventou este dispositivo e que até à invenção dela era usada uma tábua de madeira!

E o caixote do lixo com pedal... e a máquina de lavar loiça... e as fraldas descartáveis... e o kevlar (a sério por esta é que não esperavam... não foi um homem? Pois é...)

Querem mais? Então espantem-se, pois o very-light usado nas embarcações foi inventado por uma mulher, que após perder o marido num naufrágio resolveu por as mãos à obra... patenteou a ideia em nome do marido...

Agora quando precisarem de engomar uma camisa (acredito que todos os homens que estão a ler isto, também dão uns toques na tábua de engomar) saibam que a tábua de engomar foi inventada por uma mulher!

Todas as invenções que falei acima foram da responsabilidade de mulheres, algumas afro-americanas, e todas elas enfrentaram estigmas maiores do que os de hoje…

Isto tudo para (assim espero) abrir um pouco o espírito de certas pessoas que, ainda em pleno século XXI, não incentivam as meninas a seguir para as ciências...

Apesar da aposta governamental no Ensino Técnico, vemos que as empresas são relutantes em apoiar as escolas de cariz técnico. Apenas as empresas (algumas…) do ramo o fazem... como se as restantes não precisassem de eletricistas quando têm problemas eléctricos, ou de técnicos de ar condicionado quando este avaria... ou de um mecânico para arranjar o carro quando este se nega a pegar...

Podia continuar a dar exemplos mas acho que já perceberam a ideia!

Para que o STEM seja, efetivamente, para todos, é urgente que as escolas técnicas e as universidades se apliquem mais no incentivo à investigação e no desenvolvimento nestas áreas, tendo noção de que, para mudarmos as mentalidades, temos de formar mais e melhor, investigar mais e melhor e exigir qualidade.

Também é urgente que, politicamente, se mantenha a aposta nos cursos técnicos e científicos e o devido financiamento, porque estes, de facto, não são baratos já que não se conseguem fazer de papel e caneta. A formação teórica é, certamente, importante, mas os cursos tecnológicos serão sempre muito mais caros… É fácil compreender que, da mesma forma que não confiamos a nossa vida a um piloto de avião que voou 10 mil horas no flight simulator... também não podemos confiar os nossos carros, os pc's e servidores das nossas instituições e empresas em técnicos que se limitaram a ler livros e nunca tiveram formação prática de qualidade.

Obrigado e lembrem-se,  STEM é para todos!

PS: Este texto foi revisto por uma mulher extraordinária, que deu o seu toque brilhante e por isso é que ficou tão bem! Obrigado!

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You will find strange, this article written by a man, always so privileged when it comes to DIY and engineering! Or perhaps it is not so crazy to write an article that recognizes that there are no differences between genders, races or beliefs in science, as long as we all have the same access to a good education and training.

All this comes up because I was challenged again to write an article about something that I start to think may be a mission: "STEM for all". I believe we should drop the stigmas that there are jobs for men and jobs for women and fast ... but time are showing signs of this!

Now, let's go to the exercise I propose today ... How many of you (who are wasting time reading this) were filling out a form and made a mistake? That corrective paint did a good job, right? This ink was invented by a women typewriter who made a fortune when she sold the patent! I can imagine the surprise on your faces…

And how many of you have already ridden by boat and looked at the lifeboats and thought, "I hope I never have to ..."; but what you didn’t even think was that it was another woman who invented this device and that until her invention, a wooden board was used!

And the dustbin with pedal ... and the dishwasher ... and the disposable diapers ... and the Kevlar (seriously, you did not expect this one ... sure it was not a man?).

Want more? So be astonished, the very-light used in the vessels was invented by a woman, who after losing her husband in a shipwreck put the hands in work... patented the idea in the name of the husband...

Now when you need to iron a shirt (I think all the men who are reading this also tweak the ironing board) know that the ironing board was invented by a woman!

All the inventions I mentioned above were the responsibility of women, some African Americans, and all of them faced greater stigmas than today.

This is all (I hope) to open a little the spirit of certain people who, even in the XXI century, do not encourage girls in to Sciences ...

Despite the government's commitment to Technical Education, we see that companies are reluctant to support technical schools. Only the companies (some ...) of the technical area do ... as if the rest did not need electricians when they have electrical problems, or air conditioning technicians when this malfunction ... or a mechanic to fix their car when it refuses to start… I could go on giving examples but I think you have already realized the idea!

In order for the STEM to be effectively for all, it is urgent that technical schools and universities do better in encouraging research and development in these areas, bearing in mind that, in order to change our mindsets, we must train more and better, investigate more and better and demand quality.

It is also urgent to continue the political bet in the technical and scientific courses, as well as its funding, because they are in fact not cheap, since they cannot be made of paper and pen. The theoretical training is certainly important, but the technological courses will always be much more expensive... It is easy to understand that, just as we do not entrust our life to an airplane pilot who flew 10 thousand hours in a flight simulator... we cannot trust our cars, PCs and servers of our institutions and companies to technicians who have limited themselves to reading books and have never had quality practical training.

Thank you and remember STEM is for everyone!

PS: This text was reviewed by an extraordinary woman, who gave it a brilliant touch and that's why it turned out so well! Thank you!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Quem Educa uma Mulher, Educa um Povo!


Em África existe um proverbio que diz “Quem Educa uma Mulher, Educa um Povo”, Esta frase diz muito sobre a presença e a importância das Mulheres nas Comunidades. É esta potencial faceta transformadora da Mulher na Sociedade moçambicana que torna, ainda, mais importante este dia 10 de Fevereiro dedicado à Mulher e às Meninas na Ciência. É necessário fazer uma grande reflexão que resulte num conjunto de medidas concretas para que se melhore a presenças da mulher na Ciência.
Uma pesquisa feita pela ONU, em 14 países, mostrou que a probabilidade de estudantes do sexo feminino obter um diploma de bacharel, mestrado ou doutorado em ciências, ou em áreas correlacionadas, é menos da metade do que se comparado aos homens. A ONU atenta a este problema criou essa data especial para as mulheres tendo em mente mais acesso e participação igualitária das mulheres na ciência.

A Diretora Geral  das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura – Unesco – Irina Bokova, afirmou que a Agenda 2030, a que estão associados os Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis, não será alcançada sem o empoderamento das mulheres através da ciência.  A Directora vai mais longe e afirma que "mais do que nunca, hoje o mundo precisa da ciência e a ciência precisa das mulheres".

O último relatório da UNESCO sobre o assunto mostrou que as mulheres representam apenas 28% dos investigadores no mundo e a diferença aumenta ainda mais nos escalões mais altos. Segundo a UNESCO, as mulheres têm menos acesso a investimentos, a redes de estudo e até mesmo a cargos de topo nas empresas, o que as coloca em profunda desvantagem. É necessário que os governos que redobrem os esforços para dar mais poder a meninas e mulheres através da ciência, no sentido de se aproximar das metas da Agenda 2030.

A Osuwela, tem uma visão clara e um plano de acção para o desenvolvimento de recursos humanos nacionais capazes de carregar consigo os desafios da integração das Mulheres na Ciência. Esta assenta no pressuposto fundamental de que são necessários quadros qualificados de ambos os géneros para dar resposta às necessidades actuais e futuras do país.

A Osuwela colabora activamente com o programa “Criando o Cientista Moçambicano do Amanhã”, do MCTESTP, que foi lançado em 2006, e que visa a preparação de jovens estudantes para o prosseguimento dos estudos ou o ingresso no mercado de trabalho, nas áreas de STEM. Estamos conscientes do facto que que o número de alunos que demonstram interesse pelas áreas de STEM tem vindo a decrescer, e isso agudiza-se no caso das meninas, cuja presença em cursos relacionados com estas áreas do saber é ainda menor.

Espera-se que a descriminação positiva das meninas produza resultados a médio e longo prazo, sendo essencial para o equilíbrio social.

A propósito deste tema ouçam a entrevista da Prof. Rosália Vargas à Rádio ONU

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Ciência, Grafeno e os ODS





O antigo Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, apostado em dar um novo impulso a esta organização apresenta o relatório do milénio, “Nós, os Povos, as Nações Unidas do Século XXI”, que posteriormente, é aprovada pelos Chefes de Estado e de Governo e que ficou conhecida como a Declaração do Milénio.

Nesta declaração, um dos temas aborda o “Desenvolvimento e erradicação da pobreza” e daí surgem os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. A ideia era fantástica! Consistia em estabelecer uma parceria entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, tendo em vista o desenvolvimento e a eliminação da pobreza.

Os objectivos, que não eram fáceis de alcançar, eram estes: reduzir a pobreza extrema e a fome; alcançar o ensino primário universal; promover a igualdade de género e o empoderamento das mulheres; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde materna; combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental e criar uma parceria mundial para o desenvolvimento. Uma ideia fantástica para todos, mas sobretudo para os Países mais pobres.

O mundo está cheio de ideias fantásticas, que não deram resultados! Esta é uma delas.

Só não é de todo verdade, porque acabou por chamar atenção do Mundo para estes problemas mencionados sob a forma de objectivo, mas para problemas ainda maiores que todos vamos ter que enfrentar, como, por exemplo, as questões dos ciclos climáticos que têm tido graves repercussões na vida das pessoas mais vulneráveis.

Quinze anos passados e a ONU definiu os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para atingir, à escala global, até 2030. Este conjunto de metas tem o nome de Agenda 2030 e é fruto do trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo. Sendo que agora a ideia é criar um novo Modelo Global que acabe com a pobreza, que promova a prosperidade e o bem-estar de todos, que proteja o ambiente e que combata as alterações climáticas.

Parecem metas muito mais difíceis de atingir. Dificilmente em 2030, todos estes problemas estarão completamente resolvidos ou com soluções à vista. Esta agenda incluí questões muito importantes, principalmente em Países Africanos, como o acesso a água limpa, o acesso aos cuidados de saúde ou o acesso a uma educação de qualidade.

Esta Agenda obriga a ser criativo e encontrar soluções que sejam escaláveis e que se integrem no Modelo que se pretende criar. Daí que a Ciência não possa, nem deva ficar de fora desta Agenda. 

Entre muitos outros contributos da Ciência, gostaria de falar no grafeno como uma contribuição para alcançar algumas destas metas.O grafeno é um novo material que que tem despertado o interesse nas mais diversas áreas do conhecimento, devido às suas excelentes propriedades físico-químicas, mecânicas, térmicas, eléctricas e ópticas e que pode ser utilizado em inúmeras aplicações.

É um material dos mais revolucionários da indústria tecnológica e promete ser uma verdadeira mais valia para o futuro da humanidade. Para além de ser flexível, impermeável e transparente, o grafeno consegue ser mais duro que o aço, mais fino que um fio de cabelo e melhor condutor de electricidade que o cobre.

O grafeno é constituído por uma camada extremamente fina de grafite, a mesma que está nos lápis e nos diamantes, com uma organização dos átomos numa estrutura particular.

São vários problemas do nosso quotidiano em que este material tem uma enorme vantagem. Os cientistas desenvolveram um filtro composto por óxido de grafeno que ajuda a filtrar a água do mar. Alguns estudos afirmam que estes conseguem filtrar químicos, vírus ou qualquer bactéria presente nos líquidos, conseguindo assim purificar a água.
Na Saúde, onde há milhões de pessoas sem acesso cuidados de saúde, o grafeno torna-se extremamente importante para substituir partes do corpo humano que requerem ligações a órgãos ou nervos. No melhor aproveitamento da energia solar, onde há estudos que apontam o grafeno como uma forma transformar qualquer plataforma numa fonte de energia eléctrica.

Muitas mais são as respostas que podem ser dadas apenas por este material, em muitas e diferentes áreas. Mas existem muitas outras investigações e muitos outros materiais que podem dar uma resposta mais eficaz, mais barata e mais abrangente e, assim, possibilitar a aproximação das metas da Agenda 2030.

O grafeno é apenas mais um material fantástico!