terça-feira, 15 de outubro de 2019

O Nobel de Economia 2019 e a redução da pobreza.



O Prémio Nobel da Economia foi atribuído a três investigadores pelo trabalho "experimental" de medidas de luta contra a pobreza. Talvez não exista uma resposta global o combate à pobreza e a resposta a este flagelo passa por pequenos passos aplicados a populações com características e condições concretas. No entanto, acredita-se que a melhoria da qualidade da educação, da escola e da saúde infantil são factores importantes para um combate eficaz à pobreza. 

O Banco da Suécia concede o prémio a Abhijit Banerjee (1961, Calcutá), Esther Duflo (1972, Paris) e Michael Kremer (1964), os dois primeiros são professores do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) e o terceiro lecciona na Universidade Harvard, pela sua contribuição no desenvolvimento de políticas e de incentivos no benefício das populações mais pobres.

“Encontrar formas de aliviar a pobreza é um dos maiores desafios da actualidade e estes três académicos fizeram contribuições decisivas às políticas e aos incentivos a serem aplicados”, diz o comité de atribuição do Prémio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel.

O Banco da Suécia justificou a entrega destes prémios afirmando que mais de 700 milhões de pessoas subsistem com rendas extremamente baixas, a cada ano, cerca de cinco milhões de crianças com menos de cinco anos morrem por doenças que poderiam facilmente ser prevenidas ou curadas com tratamentos com custos irrisórios e metade das crianças do mundo abandona a escola apenas com competências básicas de leitura, escrita e aritmética.

Os três cientistas premiados este ano introduziram uma nova forma de dar respostas concretas à pobreza extrema em populações também concretas. Eles levantaram um conjunto de perguntas de investigação e desenvolveram um trabalho de campo que lhes permitiu chegar a conclusões de como melhorar os resultados da educação e saúde infantil.

Na década 90, do século passado, Michael Kremer testou medidas de combate ao insucesso escolar no Quénia e ao mesmo tempo deu um passo muito importante estabelecer a economia do desenvolvimento, é um dos ramos da economia que estuda como devem ser aplicados os incentivos (sejam privados ou públicos) económicos ao desenvolvimento dos países mais pobres e em desenvolvimento promovem o crescimento económico, através de mudanças estruturais para melhorar a vida das populações – saúde, educação e trabalho.

O trabalho pioneiro deste economista ajudou a criar um modelo para o sistema de ensino do Quénia procurando a resposta para esta pergunta: qual a eficácia das políticas públicas na melhoria da qualificação das crianças e da qualidade do ensino?

E chegaram à conclusão que tentar resolver o problema apenas com a injecção de mais e mais dinheiro nem sempre resolve estas questões. As experiências levadas a cabo resultaram que os incentivos para diminuir o absentismo das crianças e para um maior envolvimento dos professores é a chave para melhorar a qualidade de ensino.

Mais tarde, Abhijit Banerjee e Esther Duflo aplicaram o mesmo tipo de estudos na Índia e concluíram que obrigar as crianças a passarem mais tempo na escola não era uma forma eficaz de combater a pobreza. A solução passava por reformas que melhorassem a qualidade da escola no seu todo.

A metodologia dos estudos usados pelos três investigadores, em que a experimentação e o contacto directo com as populações, revela que a qualidade da escola está no centro do combate à pobreza, mas também, o facto de ter os instrumentos necessários para avaliar os resultados das medidas tomadas. Isto permite perceber o que correu ou que correu mal e corrigir as políticas de desenvolvimento. É um grande contributo para tornar estas políticas mais justas, mais equitativas, mais eficazes, controlando o desperdício e aumentando o seu impacto.

As experiências em que se baseiam estas conclusões não são uma resposta global à pobreza, mas são os pequenos passos muito importantes.

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