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terça-feira, 2 de maio de 2017

Dar Tempo ao Tempo!

Eu tenho, aproximadamente, 50 anos, 244 dias, 14 horas, 32 minutos e 34 segundos, vivi 18 495 dias, 443 871 horas, 26 632 233 minutos e 1 597 933 954 segundos. Quando nasci a Terra tinha cerca de 3 000 milhões de habitantes e a população tem aumentado cerca de 1 000 milhões a cada 12 anos, são mais ou menos 225 000 novos habitantes por dia. Se quisermos ter imagens mais próximas desse crescimento, se bem que mais dolorosas, todas as pessoas que morreram na 1ª Guerra Mundial são "renovados" em menos de 3 meses e para "repor" todos o que morreram na 2ª Guerra Mundial são necessários nove meses.

Estes números, mostrados assim com esta frieza sobre os mortos das grandes guerras têm a particularidade de nos alertar que o controlo da população nunca será feito por catástrofes desta natureza. Ainda bem!

Mas é outro facto indesmentível que todas estas pessoas consomem energia, água, carne, peixe e vegetais e poluem o ar, a água e os solos a uma velocidade que coloca em perigo a regeneração da própria Terra. Vai existir um dia em não temos tempo para dar ao tempo da Terra!

O tempo é uma questão fundamental! Sendo mesmo uma condição fundamental à nossa existência. Começou por ser contado através das observações de fenómenos naturais, por exemplo, o dia e a noite, as fases da lua, a variação das marés ou do crescimento das colheitas. Sendo esta contagem do tempo influenciada pela própria compreensão da vida. Para um historiador, o tempo como um referencial de suma importância para que o Homem se situe no Universo. Sendo que estes não têm interesse pelo tempo cronológico, contado nos calendários, pois a sua passagem não determina as mudanças e acontecimentos.

O tempo cronológico ou seja as medidas exactas e proporcionais de tempo como nós estabelecemos para o uso diário não é considerado pela Natureza. A Natureza regula-se pelo tempo natural que usa para marcar a duração de cada um dos infinitos eventos que ela comanda, sem nenhum rigor na sua grandeza. Existem exemplos em que o nosso tempo está perfeitamente sincronizado como o tempo natural, como é o caso da duração dos períodos de decaimentos de isótopos radioactivos e de muitos outros átomos, o que permite a datação dos achados arqueológicos.

A natureza estabelece um tempo, que nós atrevidamente medimos, para que um determinado evento aconteça, mas ela é absolutamente liberal para não exigir uma duração exacta. A natureza espera que as condições ideais estejam reunidas para que ela faça a evolução de um sistema por exemplo a produção de clorofila de uma planta. A planta espera que estejam reunidas as condições ideais de humidade, temperatura e de outros índices para que o fenómeno se inicie.

Em contraponto nós vamos aperfeiçoando a nossa medição do tempo e temos agora o relógio atómico mais preciso do mundo, fazendo com que não se adiante nem se atrase um segundo durante 15.000 milhões de anos – ou seja, um período de tempo superior à idade do Universo, 13.800 milhões de anos desde o Big Bang. Os resultados foram publicados em Junho na revista Nature Communications e ficamos a saber que o nível de precisão do relógio triplicou desde o último melhoramento feito em relógios atómicos em 2014. O novo relógio atómico é ainda 50% mais estável, segundo o comunicado do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos, no Colorado, onde trabalha a equipa responsável pelo trabalho o que poderá levar à substituição dos actuais relógios atómicos, que trabalham usando átomos de césio.

Este relógio é ainda capaz de medir as mudanças ínfimas na duração do tempo a diferentes altitudes, um fenómeno ligado à gravidade previsto pelo famoso físico Albert Einstein há um século. Na teoria da relatividade, Einstein previu estes efeito sobre o movimento pendular e que este seria mais rápido a maiores altitudes indicando uma alteração na força da gravidade.

A medição do tempo com mais precisão tem impactos directos na nossa vida quotidiana, como por exemplos nas tecnologias de posicionamento geográfico, vulgo GPS.

Aperfeiçoar as medições, as contagens, os cálculos, comprovar teorias, especular e conjecturar faz tudo parte da nossa forma de estar no nosso Mundo e no nosso Tempo que é o do Conhecimento. Somos movidos por esta motivação intrínseca de perceber o Tempo Natural que de facto alimenta toda a nossa existência. Temos que dar Tempo ao Tempo!

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