A nossa posição sobre a Terra é referenciada em relação ao equador, ao meridiano de Greenwich e ao nível médio das águas do mar e traduz-se por três números: a latitude, a longitude e a altitude. Nos aeroportos, estas três coordenadas estão escritas em grandes cartazes perto das pistas, sendo que os sistemas automáticos de navegação aérea utilizam esta informação para calcular as trajectórias entre aeroportos.
Como determinar estes
pontos?
Estes
pontos podem ser determinados através de um simples GPS (Global Positioning System) que não é mais do que um receptor de
sinais que nos dá as coordenadas de um lugar na Terra. Este sistema foi
desenvolvido pelo Departamento de Defesa Americano para ser utilizado com fins
civis e militares.
Mas
nem sempre foi assim tão simples.
Em 1492, quando Colombo
cruzou o Atlântico, a latitude podia ser medida normalmente, a partir de
observação da estrela polar. No entanto, não havia nenhuma maneira credível de medir
a longitude de um navio longe da vista de terra. Era urgente encontrar rotas
cada vez mais rápidas, precisas e seguras entre o velho e o novo mundo para
estabelecer o comércio, e tudo isto passava por encontrar uma solução para o
problema da longitude. Daí que alguns países oferecessem grandes recompensas a
quem desse uma solução a este problema.
A ideia passou
por estabelecer a relação entre a longitude e a hora, simplesmente dividindo a
terra em arcos separados de 15° cada (dividir 360 por 15 é igual a 24) e cada arco
equivale a uma diferença no tempo de uma hora.
Agora só havia
um problema para resolver: como levar um relógio para o mar?
Os relógios da
altura funcionavam através do movimento de um pêndulo e, mesmo com todas as
melhorias introduzidas neste tipo de relógios, estes não podiam ser levado para
bordo de um navio. Com o balouçar do navio, o relógio não funcionava, já que o pêndulo
deixava de ter movimentos isócronos e passava a funcionar irregularmente, acabando
por parar.
Aqui começa
uma história longa e absolutamente fantástica, tendo os relógios como actores
principais.
Em 1714, o
Governo britânico criou o Conselho de Longitude, que oferecia uma recompensa a
quem conseguisse encontrar um meio de medir a Longitude no mar.
Um dos
métodos apontados tinha como referência a órbita da Lua e outro tinha como
referência a hora a bordo.
Sextante (Museu da Ilha de Moçambique, Moçambique)
Com a
invenção do sextante (John Hadley, em 1731), conseguiu-se tomar medidas
angulares a bordo do navio com uma precisão suficientemente muito importante
para ambos os métodos.
Vamos apenas
olhar os relógios!
Tiveram que
passar mais alguns anos até que, em 1737, o Conselho deu o seu primeiro prémio
a John Harrison pela invenção de uma máquina que permitia manter tempo no mar –
o cronómetro.
Mas foram
precisos mais de 20 anos de aperfeiçoamentos até que este relojoeiro conseguisse
finalmente construir um cronómetro que iria funcionar em alto mar. Deu-lhe o
nome de H4 e foi testado pela primeira vez a bordo de um navio, em 1761. Definitivamente
Jonh Harrison estava associado à medição da longitude e ganhou o maior prémio
atribuído pela Academia.
É desta
forma que a década de 1760 marcou um ponto de viragem importante na navegação.
Depois de anos de incerteza sobre a determinação da longitude no mar, os marinheiros
tinham agora um método que encontrava essa medida, usando as diferenças de
tempo.
Os
marinheiros de hoje usam o GPS, sendo que os principais componentes são um
conjunto de satélites que circundam a Terra em órbitas bem definidas,
juntamente com uma rede de estações terrestres. Mas a bordo de um navio não
falta um sextante, uma carta marítima, um compasso, uma régua e um… relógio. Não
vá o GPS deixar de funcionar!
O
interessante desta história fantástica da determinação da longitude é que a
solução passou pela persistência de um relojoeiro e por muita imaginação.
Moçambique está na rota desta história, bem retratada no Museu da Ilha de Moçambique.
A foto é deste Museu e retrata um belo exemplar de um sextante do séc. XVII.
25° 57' 55 S, 32° 35' 21 E, 63 m – é o lugar na
Terra onde foi escrito este texto!
Sabem onde?
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